Mantendo o charme dos prédios icônicos, o bairro se destaca por apartamentos que podem ser retrofitados para ganhar um ar moderno e atender às necessidades contemporâneas
Na realidade contemporânea, temos buscado constantemente soluções que sejam, ao mesmo tempo, inteligentes e sustentáveis. Nesse sentido, o retrofit tende a se tornar cada vez mais interessante para proprietários de imóveis ou possíveis compradores e investidores. Trata-se de uma técnica de revitalização que surgiu na Europa e que pode ser aplicada a diversas áreas, mas que já se tornou tendência na arquitetura e no design.
A ideia é realizar algumas alterações para melhorar e modernizar o imóvel, mas sem descaracterizar seus elementos arquitetônicos originais. Assim, instalações e tecnologias ultrapassadas podem ser substituídas por outras mais atualizadas, enquanto são mantidos alguns aspectos conceitualmente relevantes da construção.
“O retrofit é uma tendência mundial, para evitar o desperdício de materiais e a poluição ambiental”, explica Roseane Sanches, corretora da Esquema Imóveis. “No caso de Higienópolis, como em outros bairros mais antigos de São Paulo, os acabamentos utilizados em prédios icônicos do bairro são muito nobres – como madeiras de lei, mosaicos de vidro e cobogós de louça. Alguns deles eram desenhados por grandes arquitetos, com exclusividade para determinados empreendimentos, e são tão raros que, por si mesmos, já poderiam ser considerados obras de arte.”
A necessidade de modernização de um apartamento pode surgir por mudanças na formação familiar e, sobretudo, porque as demandas atuais são muito diferentes daquelas que existiam quando os prédios clássicos de Higienópolis foram construídos. Muitos desses edifícios, remanescentes do movimento modernista paulistano, que teve seu auge entre as décadas de 1940 e 1960, são perfeitos para retrofit principalmente por sua amplitude. “As plantas são muito dinâmicas, com ambientes amplos, pé-direito altos e grandes janelas, que permitem a entrada de luminosidade natural. Esses fatores possibilitam, com facilidade, que seja feita a adaptação do imóvel para os dias de hoje”, afirma Roseane.
De acordo com a corretora, como os apartamentos de Higienópolis costumam ter banheiros e quartos muito grandes, mas poucas suítes, geralmente os ambientes da casa que mais precisam de retrofit são essas áreas específicas. Muitas vezes, é possível criar novas suítes, pela junção de um quarto com um banheiro social.
A pintura e modernização de alguns dos acabamentos também ajudam a dar uma nova “roupagem” ao apartamento. Outros aspectos que podem ser importantes, além da parte estética, são aqueles relacionados ao conforto e à funcionalidade – como infraestrutura para aquecimento e ar-condicionado, automação da iluminação, som e persianas, instalação ou troca de armários.
Quanto ao investimento inicial, Roseane observa que o valor de apartamentos para reforma, em São Paulo, normalmente parte de R$ 2.000 por metro quadrado. “Tudo vai depender da situação do imóvel, a começar pelo estado de conservação da hidráulica e da elétrica”, ressalta. Segundo a corretora, caso os materiais de acabamentos possam ser reutilizados, o imóvel não apenas mantém sua originalidade, mas os custos da obra são reduzidos. No que diz respeito a apartamentos já reformados, a média de valor em Higienópolis fica em torno de R$ 15.000 por metro quadrado, embora o preço possa variar bastante, de acordo com o padrão construtivo e a importância do edifício.
Para Roseane, entre as maiores vantagens de investir em um retrofit no bairro de Higienópolis está o preço, já que os valores mais acessíveis desse tipo de imóvel tornam possível comprar um apartamento de grandes dimensões, em uma das áreas mais nobres de São Paulo, e deixá-lo do seu jeito. Além disso, existe a possibilidade de reaproveitamento de materiais, muitas vezes raros, que praticamente já não existem em imóveis novos. “O retrofit, hoje, está alinhado à tendência do não-desperdício. Por exemplo, se você compra um apartamento antigo, com peroba rosa no piso, azulejos lindos, porta de madeira em pinho de riga, cobogó (que, atualmente, custa cerca de R$ 300 por peça)… Além de não gerar poluição ao revitalizar esses materiais, o arquiteto pode exercer sua criatividade”, comenta. “Claro que toda obra de reforma tem desafios, principalmente questões de elétrica e hidráulica, que em geral precisam ser trocadas, mas com um bom projeto essas pequenas dificuldades podem ser superadas facilmente.”
Segundo a corretora, um dos condomínios icônicos de Higienópolis com excelentes oportunidades para quem deseja investir em retrofit é o Lugano e Locarno, do alemão Adolf Franz Heep, um dos mais influentes arquitetos modernistas que atuaram no Brasil, também responsável por projetos como o Edifício Lausanne, o Edifício Itália e a antiga sede do jornal O Estado de S. Paulo (atual Novotel Jaraguá).
Muito inspirado pela Escola Bauhaus, Heep buscava soluções altamente racionais em seus trabalhos, com foco no aproveitamento dos espaços. Localizado na Avenida Higienópolis, o conjunto de edifícios Lugano e Locarno, de 1958, segue essa linha conceitual voltada à funcionalidade, mas mantendo a leveza e a elegância.
Implantados em um lote amplo, com 50 m de frente e 70 m de fundo, os dois blocos foram posicionados nas laterais, formando uma praça interna no meio. Os apartamentos têm plantas espaçosas, com metragem que varia entre 141 m² e 188 m². “O preço do metro quadrado está ótimo, por serem dois edifícios de grande valor histórico”, diz Roseane. “Além disso, a concepção e a distribuição dos espaços fazem com que as plantas permaneçam atuais e sejam de fácil adaptação para os padrões contemporâneos de moradia, o que mantém sua relevância como um dos melhores edifícios residenciais para retrofit em Higienópolis.”
Conheça os imóveis disponíveis em Higienópolis.