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A revolução do retrofit

Reforma de imóveis usados surge como tendência do design e da arquitetura

 

No mercado imobiliário, é comum que imóveis precisando de reforma fiquem parados durante muito tempo, em busca de compradores. A dificuldade em vender casas e apartamentos usados pode gerar prejuízos enormes para os proprietários. Além disso, para evitar os transtornos de uma obra, o consumidor muitas vezes perde oportunidades interessantes de negócios. Nesse contexto, uma solução sustentável e vantajosa é o retrofit, tendência em ascensão no design e na arquitetura.

A proposta do retrofit é dar vida nova a imóveis antigos, modernizando-os e adequando os ambientes ao uso contemporâneo. Na Europa, onde há uma quantidade significativa de bens milenares (um acervo em grande parte tombado e protegido como patrimônio histórico), esses processos já vêm acontecendo há algum tempo. Prova disso é que cerca de 50% dos projetos arquitetônicos europeus são voltados ao retrofit. Na Espanha e em Portugal, por exemplo, a comercialização de imóveis secundários chega a ser até sete vezes maior do que de recém-construídos.

Atualmente, o mercado brasileiro do retrofit também se encontra em expansão, já que no primeiro trimestre deste ano o lançamento de imóveis novos caiu em mais de 26%, na comparação anual, segundo a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Com essa inversão do consumo, as construtechs (startups do setor imobiliário) se viram diante de um nicho com potencial de crescimento, oferecendo a vendedores e compradores conveniência e praticidade na hora de reformar seus usados ou de comprar imóveis reformados.

Por que reformar?

As vantagens de investir em imóveis secundários são inúmeras. A primeira delas está na sustentabilidade: o retrofit é uma forma de contribuir para modos de vida mais conscientes, preservando a memória arquitetônica e promovendo o reaproveitamento de recursos ao “repaginar” um local ultrapassado, além de fazer parte de um modelo de negócios que só tende a crescer, inclusive no Brasil.

O retrofit é uma excelente solução para dar nova vida a imóveis antigos

Atualmente, o custo de uma construção nova é bastante alto, sobretudo considerando os valores de terrenos em grandes cidades como São Paulo. Outro problema está no fato de que muitos bairros consolidados nas metrópoles brasileiras já não dispõem de potencial construtivo, sendo necessário revitalizar os imóveis já existentes. No que diz respeito a construções de interesse histórico, que demandam conservação ou restauração, um projeto de retrofit não é apenas uma escolha como uma necessidade. Mesmo no caso de bens não tombados, o processo ajuda a resgatar uma parte importante da história local.

Retrabalhar e revitalizar imóveis usados é uma maneira responsável de lidar com o crescimento urbano. Além de diminuir as possibilidades de prejuízos, tanto para os desenvolvedores quanto para o meio ambiente, o retrofit abre possibilidades de soluções criativas e inovadoras, integrando técnicas construtivas antigas a tecnologias contemporâneas. Em geral, busca-se manter a integridade da arquitetura original, tornando o imóvel mais funcional, seguro e confortável. Para isso, é essencial contratar empresas competentes, tanto no planejamento quanto na execução, utilizando mão de obra especializada e materiais de qualidade.

O nível de complexidade de uma reforma pode variar, de acordo com cada propriedade, mas os processos de renovação geralmente incluem instalação de sistemas automatizados, elétrica e hidráulica, climatização, novos acabamentos e armários, proteção contra incêndio, segurança e acessibilidade, até mesmo alterações estruturais, quando necessário. O objetivo é ampliar a funcionalidade e a durabilidade do imóvel, enquanto sua estética é valorizada. Além disso, a instalação de sistemas modernos contribui para um melhor aproveitamento energético e reduz o impacto ambiental.

Uma alternativa alinhada com as demandas do mundo contemporâneo, o retrofit certamente veio para ficar – e revolucionar o mercado imobiliário. As construtechs, ao lado de designers e arquitetos, já têm provado que é possível customizar e modernizar propriedades antigas, mantendo suas características inerentes e agregando técnicas atuais, para criar uma combinação perfeita entre o passado, o presente e o futuro.

Retrofit pelo mundo

Conheça alguns exemplos bem-sucedidos de empreendimentos que investiram no retrofit como forma de renovação de seu design e arquitetura:

A histórica loja de departamentos Kaufhaus des Westens (KaDeWe), em Berlim, foi revitalizada pelo escritório OMA

 

Retrofit em prédio de apartamentos em Manhattan, Nova York, com projeto do premiado arquiteto japonês Shigeru Ban

 

O projeto de retrofit da cobertura de Diane Von Furstenberg, também em Nova York, foi criado pelos arquitetos do WORKac em parceria com a própria designer

 

O edifício República 37, em Lisboa, Portugal, foi totalmente recuperado pela empresa Frederico Valsassina Arquitectos, mantendo as características originais

 

Apartamento retrofitado, em Lisboa, que teve as paredes internas removidas para permitir melhor visualização do Rio Tejo

 

Ocupando o “esqueleto” de um antigo armazém, o hotel Pedra Líquida, em Porto, Portugal, exemplifica uma combinação harmônica entre o resgate histórico e a contemporaneidade

 

Coberturas angulares pretas foram acrescentadas a um edifício dos anos 1920 em Barcelona, na Espanha, em projeto de Cadaval & Solà-Morales

 

A empresa norte-americana Axis Mundi criou o projeto de retrofit da fachada de um edifício em Barcelona, remetendo a ondas do mar

 

O escritório Emre Arolat Architects transformou a estrutura de uma antiga fábrica no moderno campus da Abdullah Gül University, em Caiseri, na Turquia

 

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