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Episódio 3 de Propriedades que Inspiram traz casa modernista

Estilo vanguardista que inovou a arquitetura nos 1960, o modernismo permanece vivo em residências paulistanas

 

No terceiro episódio de nossa websérie, visitamos a casa de Pedro Ramos, um exemplar recém-reformado de arquitetura modernista da década de 1960, ao lado do Parque Ibirapuera, em São Paulo. A reforma manteve o aspecto original da construção, que permite uma visão linear de todo o terreno, em que se destaca um imponente mandacaru. Saiba  mais sobre o imóvel.

Liberdade foi a palavra-chave do modernismo, estilo que surgiu na década de 1920, mas que ganhou destaque na arquitetura brasileira nos anos 1960. A ideia era unir racionalismo e funcionalismo em projetos utilizando linhas geométricas, sem muitos ornamentos, abusando de pilotis e terraços, plataformas horizontais e volumes sobrepostos, com plantas e fachadas livres – sempre valorizando a amplitude dos espaços.

O modernismo, como movimento artístico e cultural, teve seu início na Europa e se difundiu no Brasil por meio de manifestos de vanguarda e da Semana da Arte Moderna (1922). Na arquitetura, foi marcado como um período de rejeição aos estilos tradicionais. Além disso, privilegiava tudo o que era simples, característica que se manifestava na escolha de formas básicas e materiais como concreto aparente, aço e vidro. Conforme afirmou o arquiteto alemão Mies van der Rohe: “menos é mais”.

Outro aspecto importante para os arquitetos modernistas eram as funções sociais das construções, ou seja, a maneira como suas criações seriam utilizadas, na prática. Exemplo disso é o vão livre do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MASP), projetado por Lina Bo Bardi, que buscava a integração do prédio com a vida urbana – tornando o espaço quase uma praça pública.

O vão livre do MASP foi pensado por Lina Bo Bardi para favorecer a circulação do público

 

Origens do modernismo

Um dos maiores nomes do modernismo mundial foi o arquiteto franco-suíço Le Corbusier, que conta com obras em diversos países, sendo que mais da metade de seu trabalho é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. Influenciado por conceitos matemáticos, foi um mestre do concreto armado e também o responsável pelos princípios que se tornaram conhecidos como Os Cinco Pontos da Arquitetura Moderna:

  • Fachada livre, sem vedações ou divisórias em suas estruturas;
  • Janelas em fita, percorrendo as edificações;
  • Pilotis, criando espaços abertos e vãos livres para a circulação;
  • Terraço-jardim, utilizando coberturas e telhados para o lazer dos usuários;
  • Planta livre, em que os ambientes interagem e se integram.

Outra fonte de inspiração para os modernistas foi a Escola Bauhaus (1919-1933), na Alemanha, que influencia a arquitetura, as artes e o design até os dias de hoje. Os preceitos da Bauhaus valorizavam a simplicidade das formas, tendo como questão central dos projetos a funcionalidade. A frase “a forma segue a função” resume a motivação principal da escola.

A escola alemã Bauhaus foi uma das inspirações para o modernismo

 

O modernismo no Brasil

Uma das características da arquitetura modernista brasileira foi buscar a expressão de uma identidade nacional, independente dos ideais europeus. Esse aspecto ajudou a moldar um novo estilo de pensar a modernização urbana, adaptado à cultura, às formas e tecnologias que despontaram depois da Segunda Guerra Mundial.

Um dos maiores modernistas do Brasil foi Oscar Niemeyer (1907-2012), que definiu sua obra da seguinte maneira: “De Pampulha a Brasília, eu segui o mesmo caminho, preocupado com a forma nova, com a invenção arquitetural. Fazer um projeto que não representasse nada de novo, uma repetição do que já existia, não me interessa”.

Outros exemplos de grandes modernistas que impactaram a arquitetura brasileira são Gregori Warchavchick, Lúcio Costa, Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Lina Bo Bardi e Affonso Eduardo Reidy. O destaque, nos projetos desses arquitetos, está na relação de continuidade entre o interior e o exterior das edificações. Era como se eles buscassem morar ao ar livre, com soluções estruturais para integrar a arquitetura de maneira orgânica ao meio ambiente.

 

Casas modernistas brasileiras

Conheça alguns exemplos de casas nesse estilo atemporal, projetadas por alguns dos maiores nomes da arquitetura no país:

Casa das Canoas, por Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro/RJ

 

Casa de Vidro, por Lina Bo Bardi, em São Paulo/SP

 

Casa Modernista da Rua Santa Cruz, um dos primeiros exemplares dessa arquitetura no Brasil, por Gregori Warchavchik, em São Paulo/SP

 

Antiga residência do arquiteto Vilanova Artigas, atualmente Instituto Casa Vilanova Artigas (ICVA), em São Paulo/SP

 

Casa no Butantã, por Paulo Mendes da Rocha e João de Gennaro, em São Paulo/SP

 

 

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