O segundo semestre de 2020 mostra um aquecimento no mercado de alto padrão, com boas oportunidades para compra de imóveis
O ano de 2020 tem sido atípico para a maioria dos segmentos, mas o segundo semestre já traz números que indicam uma retomada. Entre os motivos que impediram uma queda significativa nas movimentações desse segmento estão as baixas taxas de juros e a digitalização dos processos. Com a necessidade de adaptar os espaços domésticos ao home office, as pessoas também passaram a procurar imóveis maiores, com características como varanda e área externa.
De acordo com o CEO da Esquema Imóveis, Marco Túlio Vilela Lima, o mercado imobiliário sofreu um impacto principalmente no início da pandemia no Brasil, a partir da metade de março. “Em abril, tivemos o primeiro mês em que permanecemos totalmente em quarentena, então houve uma parada geral, como era esperado. Todo estavam sem entender para onde as coisas iriam, então tivemos poucos fechamentos”, conta. Essa estagnação inicial, conforme explica Túlio, é um fator relativamente comum em grandes crises, porque as pessoas estavam assustadas e com medo; então, pisaram no freio e esperaram para ver o que iria acontecer.
Recuperação do mercado imobiliário
“A partir de maio, o mercado começou a voltar, especialmente para casas e coberturas, assim como casas em condomínios fora de São Paulo. Em junho, isso se intensificou ainda mais e o segmento se aqueceu muito”, explica o CEO. “Pessoas que estavam em isolamento dentro de seus apartamentos começaram a dar valor à necessidade de ter um lugar com mais espaço. Na Esquema Imóveis, tínhamos uma proporção de leads, antes da pandemia, de 65 a 70% de procura por apartamentos e mais ou menos 30% por casas. A partir da quarentena, isso basicamente se inverteu, pendendo para uma demanda por casas. Mesmo dentro de apartamentos, o foco passou a ser em coberturas. Para se ter uma ideia, basicamente 80% dos negócios do trimestre de maio, junho e julho foram de casas, coberturas e casas de campo.”
Segundo Túlio, julho foi um mês histórico para a Esquema Imóveis. “Foi o melhor julho da nossa história recente. Normalmente, esse é um mês de férias, em que há uma baixa no nosso segmento, porque os clientes do alto padrão estão viajando, então já esperamos por um movimento menor no que diz respeito a fechamento de negócios”, comenta o CEO. “Neste julho, conseguimos atingir a meta projetada e até a superamos, por conta da demanda que estava reprimida e das pessoas que não viajaram, mas aproveitaram este momento para investir em imóveis.”
Túlio ressalta que agosto também começou aquecido e tem grandes chances de se transformar no melhor mês do ano para a Esquema Imóveis. No que diz respeito à busca por propriedades de alto padrão, os apartamentos estão se recuperando de maneira crescente. “Agora, em agosto, começamos a voltar a uma normalidade. As casas continuam realmente super aquecidas, mas a tendência é voltarmos a ter uma procura por apartamentos padrão. Então percebemos esse retorno ao equilíbrio, tanto nos leads quanto nos fechamentos”, afirma.
Valorização dos ativos
De acordo com o CEO da Esquema, outro movimento que tem sido percebido é uma valorização dos ativos, por causa dos juros baixos. “Estamos com uma taxa básica de juros (a taxa SELIC) de 2%, que é a menor da história. Quando isso acontece, ocorre uma valorização dos ativos – imóveis, por exemplo. Por isso, o que começou a acontecer em julho foi que as pessoas perderam um pouco o medo. Foi um mês bom para o mercado, porque os juros baixos tornam pouco interessante manter dinheiro no banco, na renda fixa. Então, obviamente, uma das possibilidades para o investidor são os imóveis. Até porque o susto que muitos investidores tomaram no início do ano, com a bolsa de valores, foi muito grande”, ressalta Túlio. “Se continuarmos com esses juros baixos, devem aumentar as aplicações em imóveis, que são ativos mais seguros, o que faz com que ocorra uma valorização desses bens.”
Para ilustrar o momento que estamos vivendo, Túlio propõe uma comparação: se você aplicar seu dinheiro em uma renda fixa – CDB, por exemplo – ele vai render por volta de 2% ao ano. Nesse caso, a inflação (em torno de 3 ou 3,5%) vai “comer” esse rendimento e fazer com que o investidor perca seu poder de compra. “Em função disso, aplicar em imóvel é um ativo vantajoso, seja para morar ou alugar. A locação residencial estourou, é um business interessante, já que hoje a média gira em torno de 0,4 % ao mês sobre o valor do imóvel, o que em um ano vai dar por volta de 5%. É mais que o dobro da taxa básica de juros”, observa o CEO. Ou seja, como investimento, atualmente, comprar um imóvel para alugar se tornou mais interessante do que deixar o dinheiro no CDB, pois o rendimento é maior. “Além disso, você conta com a valorização do bem, pois se a demanda continuar nesse nível, a tendência é de que os imóveis se valorizem ainda mais”, completa.
Expectativas para o futuro próximo
Como o mercado se encontra superaquecido, com uma retomada das vendas tanto de casas como de apartamentos, a expectativa de Túlio para os próximos meses é muito positiva. “Tudo indica que atingiremos nossa meta – já que antes da metade do mês já estávamos com 70% da meta garantida e ainda temos bastante coisa em nossa pipeline. O futuro vai depender da taxa de juros, que impacta diretamente o mercado imobiliário. Com a taxa se mantendo nesse patamar, o mercado tende a permanecer aquecido. Eu vejo o segundo semestre com uma perspectiva boa; talvez até melhor do que o mesmo período do ano passado, que também foi muito forte.”
Para Túlio, ainda é um pouco cedo para avaliar esse aquecimento, mas os números comprovam que houve, de fato, uma retomada do mercado a partir da flexibilização da quarentena. “Em maio e junho houve uma recuperação, mas em julho percebemos claramente esse aumento de negociações. Comparando a esse mesmo mês no ano passado, faturamos praticamente o dobro. Isso aconteceu por vários fatores: um pouco devido à demanda represada e também por conta da recuperação e do aquecimento do segmento. Ainda precisamos de mais alguns meses para avaliar e ver como o mercado irá se comportar, mas minha expectativa é de que, neste mês, tenhamos um crescimento da ordem de pelo menos 20 a 30%, quando comparado ao mesmo período do ano passado”, conclui.