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Marcio Mazza: a arte de espacializar o espaço

Arquiteto e urbanista, Marcio Mazza soma quase 50 anos de carreira. 

Marcio Mazza é arquiteto e urbanista formado pela FAUUSP. Seguiu para Los Angeles, onde concluiu o mestrado em arquitetura no SCI.Arch – Southern Institute of Architecture, e mais tarde viveu em Paris, onde atuou profissionalmente no renomado escritório Centre Georges Pompidou projetando exposições de arquitetura.

Centre George Pompidou - Paris, França
Centre George Pompidou – Paris, França

Após oito anos fora do Brasil, retornou ao país para colaborar com o arquiteto Sérgio Teperman, até fundar seu próprio escritório. Desde então, transita com naturalidade por diferentes escalas: de pequenas reformas residenciais a complexos industriais, como os projetos desenvolvidos para a Alcoa, em Juruti, no Pará, e para uma planta de etanol localizada na tríplice fronteira entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Sua paixão pela arquitetura surgiu ainda na adolescência. Inicialmente, seu plano era cursar engenharia civil, até que se deparou com uma edição da revista Arquitetura e Construção, de 1966, que apresentava projetos de nomes como Vilanova Artigas, Roberto Cerqueira César e Roberto Loeb. A força expressiva daquelas obras o motivou a procurar os próprios arquitetos, que generosamente, o incentivaram a seguir o caminho da arquitetura.

Nos últimos 15 anos, Marcio tem se dedicado a um trabalho que une arquitetura, memória e cidade: a restauração de casas antigas. Ele se refere a essa abordagem como uma forma de “espacializar o espaço”, resgatando imóveis muitas vezes abandonados e devolvendo-os ao convívio urbano com nova vida e identidade.

Assinatura como arquiteto 

Ao longo da carreira, Marcio construiu uma trajetória pautada pela busca de qualidade arquitetônica com materiais simples e honestos. Prefere evitar rótulos como “luxo” e “sofisticação”. Para ele, boa arquitetura é aquela que se revela funcional, limpa, elegante e, sobretudo, capaz de provocar sensações. Mazza cita que “O prazer de estar em um espaço precisa vir da sensibilidade com que ele foi concebido.”

Código: ESQ33506

O arquiteto começou seus trabalhos com pequenas reformas, ganhou experiência em empreendimentos maiores (condomínios industriais, imóveis corporativos, escritórios) e, com o tempo, passou a se interessar por uma outra forma de atuação: a compra e revitalização de casas desabitadas. O ponto de virada veio com a venda de sua própria casa, na Vila Nova Conceição. Com o valor da venda, adquiriu dois novos imóveis e percebeu que havia ali uma oportunidade: transformar casas antigas em moradias contemporâneas, conectadas ao ambiente urbano.

Desde então, tem se dedicado a encontrar, restaurar e recolocar essas casas no mercado, com soluções arquitetônicas que respeitam a história do imóvel. 

Código: ESQ32258

Processo criativo e olhar urbano

O que mais o fascina, hoje, é justamente o processo de encontrar essas casas. A busca começa pela rua — e não por terrenos vazios. É preciso sensibilidade para enxergar o potencial do imóvel: se ele permite uma boa reforma, se tem estrutura sólida, se está localizado em um ponto com vocação residencial.

Para ele, sustentabilidade está também na preservação do que já existe: aproveitar fundações, colunas, lajes e estruturas sempre que possível, reduz o desperdício e confere autenticidade ao projeto.

Para Marcio, a casa ideal precisa ter: “Energia. Um bom espaço tem uma energia que transforma o cotidiano em algo mais leve e prazeroso.”

 

Publicação recente, prêmios e reconhecimentos 

Recentemente, lançou o livro Gibizão da Arquitetura Moderna, publicado pela Editora Senac, que já está disponível nas principais livrarias. A obra apresenta, com leveza e profundidade, os marcos da arquitetura moderna, destacando sua relevância até os dias de hoje. Nas palavras de um filósofo alemão que o inspira, a modernidade é um “projeto inacabado”.

Após o lançamento em São Paulo, o livro também terá eventos no Rio de Janeiro e em Curitiba.

Além disso, recebeu importantes premiações no Brasil e no exterior ao longo de sua carreira. Foi vencedor da Bienal Internacional de Artes Plásticas de São Paulo (1973) e representou o país no Fórum Internacional da ONU sobre tecnologias para países em desenvolvimento, em Bruxelas (1984). Ganhou o primeiro prêmio em design gráfico pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (1985) e recebeu menção honrosa da USP por pesquisas em habitação de baixo custo (1987).

Também foi premiado por sua inovação em design industrial em Milão (1995) e por projetos institucionais e corporativos no Brasil, como a sede da Alcoa.

A importância da arquitetura

Para Márcio, a arquitetura é quase invisível, justamente porque está em tudo. “É nela que trabalhamos, comemos, descansamos. Ela precisa permitir que o hábito floresça, e que o prazer de estar em um espaço aconteça com naturalidade, a partir da sensibilidade de quem o habita.”

Sem grandes ambições, mas com clareza de propósito, ele deseja seguir fazendo o que mais gosta: restaurar casas, devolvê-las à cidade e proporcionar a outras pessoas o privilégio de morar.

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