Arquiteta e paisagista encanta o Brasil com seus projetos
Isabel Duprat é uma arquiteta especializada em paisagismo com projetos que se destacam no Brasil há mais de 40 anos. Duprat concebe os jardins como uma forma de contemplar a natureza e entende que por meio destes é possível trazer mais liberdade e aconchego aos espaços, independentemente do tipo de projeto (residencial, comercial ou parques e praças).
Seu encanto pela natureza levou-a de volta a vivências antigas, em sua infância no campo, onde o contato com a intimidade e o prazer de semear, plantar e observar o crescimento, de sobretudo árvores, eram também estimulados pela sua mãe. Hoje, é possível notar a influência de todos esses fatores no trabalho da arquiteta.
Quando criança, Isabel conta que desejava ser botânica, caminho que posteriormente, em sua adolescência, aliou-se à sua curiosidade e gosto natos pela arquitetura, estendendo-se ao paisagismo e firmando a sua certeza de que era esta a carreira que deveria seguir.
Formada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, teve ainda um estágio com o renomado Roberto Burle Marx, experiência que lhe certificou conhecimentos diversos e vivências singulares, como as expedições em busca de novas espécies vegetais promovidas pela botânica Nanuza de Menezes e seu grupo de pesquisa da USP.
Durante sua atuação no trabalho público, Duprat teve uma passagem de seis anos no Departamento de Parques e Áreas Verdes da Cidade de São Paulo, quando criou uma aula de história dos jardins (na escola de jardinagem do Parque Ibirapuera), participação na criação de um curso municipal de jardineiros para preparação de mão de obra especializada e, junto a outros arquitetos, em projetos de parques e praças para a cidade.
Em 1983, Isabel criou seu escritório de projetos e execuções de jardins.
3 grandes projetos
Referência no setor, seu nome aparece na publicação de Kristina Taylor, “Woman Garden Designers – 1900 to the present” (Garden Art Press, 2015), livro que reúne 31 das mais influentes designers de jardins do mundo. Para melhor conhecimento de seu trabalho, selecionamos três projetos de destaques.
Somosaguas Caledônios
O empreendimento nos arredores de Madri se configura como o primeiro projeto habitacional do estúdio brasileiro MK27. Com o objetivo de criar uma nova tipologia de bairro (casas dispostas em torno de espaços públicos, como praças e parques), a ideia é que a área urbanizada seja vista com a mesma importância que as unidades residenciais.
Neste projeto, pelo fato de o trânsito de carros ser totalmente subterrâneo, houve a oportunidade de tratar todas as áreas externas como um único jardim. Além disso, propõe que as identidades dos ambientes sejam criadas a partir da vegetação selecionada, como os grupos de arbustos de magnólia que realçam as áreas abertas, ou a entrada do empreendimento ladeada por árvores denominadas Zelkova serrata, nativa do Japão, das Coreias, do leste da China e de Taiwan, e Lagerstroemia, nativa da República Popular da China e da Índia.
Jardim em Ibiza
O projeto foi concebido a partir de uma minuciosa pesquisa sobre a vegetação endêmica e nativa de Ibiza e com o objetivo de recuperar o terreno com esta flora. Houve, no entanto, uma grande dificuldade em conseguir mudas que compusessem a paisagem como era imaginada. Plantas como Cneorum tricotton e Hyperycum balearicum, por exemplo, foram encontradas em pequenas quantidades. Endêmicas como Aspargos acutifolius e Bellis anua não foram encontradas.
No entanto, pensando em possibilidades que resistissem às condições do local, já muito presentes na ilha, a arquiteta paisagista pensou em plantas mediterrâneas, como Lentiscus pistaceas, Rosmarynus, sofhoras, teucrim, entre outras.
Após quatro anos desde o início do projeto, Isabel diz ter sido possível enxergar o jardim idealizado tomar forma, ainda que em um meio mais agressivo. As plantas nativas da região são esteticamente delicadas e com diversas texturas e tons de verde.
Jardim do Mangue, Casa KT
Neste projeto, o jardim se divide em três núcleos. Entre a entrada e a casa, há uma grande concentração de vegetação original de maior porte, passando, posteriormente, ao lado esquerdo, para um grupo de palmeiras carpentarias e paliçada de eucalipto, além das pitangas, Cassia bicapissularis, urucum e tralis.
À frente, foram plantadas ctenanthes, heliconias, bromélias, crinuns, neomaricas e sanseverias, todas no bosque natural. Duprat se atentou aos detalhes de espelhos d’água, desenhados em forma de pequenos círculos como poças escuras de mangue, criando ainda maior identidade.
Houve, também, o cuidado com a justaposição das plantas, criando um cenário com folhagens especiais com samambaias, heliconias, orquídeas, alocasias, calateas, marantas, antúrios, musas e filodendros diversos.
Com estes e muitos outros detalhes, o projeto foi concebido e executado a partir de um intenso contato e intimidade com todas as particularidades. Foi assim que foi possível devolver sua natural exuberância.
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