O arquiteto espanhol é conhecido por seus projetos arrojados e complexos, entre eles o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro
Nascido em 1951, na Espanha, Santiago Calatrava não se destacou no cenário mundial apenas por seu talento na arquitetura. Um artista quase completo, ele também atuou como engenheiro estrutural, escultor e pintor. Talvez por isso suas obras desafiem a própria realidade, com formas ousadas, que frequentemente lembram organismos vivos.
Com escritórios em Nova York (nos Estados Unidos), Doha (no Qatar) e Zurique (na Suíça), Calatrava é conhecido por uma série de projetos arquitetônicos grandiosos, entre eles o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, o Complexo Olímpico de Atenas, o Milwaukee Art Museum, a torre Turning Torso em Malmö, na Suécia, o World Trade Center Transportation Hub na cidade de Nova York, o Auditório de Tenerife em Santa Cruz de Tenerife e a ponte Margaret Hunt Hill em Dallas. Mas um de seus projetos mais relevantes foi em sua região de origem, Valencia: a Cidade das Artes e das Ciências (Ciutat de les Arts i les Ciències).
Quando criança, o arquiteto estudou desenho e pintura em sua cidade. Na adolescência, quando houve uma abertura no regime franquista para os outros países da Europa, Calatrava foi para a França como aluno de intercâmbio. Em 1968, depois de completar o ensino médio, ele se inscreveu na École des Beaux Arts em Paris, mas chegou à cidade em meio a protestos estudantis e acabou desistindo do curso. De volta a Valencia, leu um livro sobre a arquitetura de Le Corbusier e isso o inspirou a seguir com ambas as carreiras: artista e arquiteto. Então, entrou no curso de arquitetura da Universidade Politécnica de Valencia, onde se graduou e se especializou em urbanismo.
Em 1975, Calatrava ingressou no Swiss Federal Institute of Technology, em Zurique, na Suíça, para uma segunda graduação, em engenharia civil. Para ele, foi como iniciar sua carreira do zero: queria aprender a desenhar e pensar como um engenheiro, não mais como um arquiteto. “Eu estava fascinado pelo conceito de gravidade e convencido de que era necessário começar a trabalhar com formas simples”, afirmou. Segundo Calatrava, o engenheiro suíço Robert Maillart o inspirou a entender que, com a combinação certa entre força e massa, é possível criar emoções.
Depois de concluir o doutorado em arquitetura, em 1981, Calatrava abriu seu escritório em Zurique. Nos anos seguintes, realizou diversas obras e começou a se destacar por seu estilo arrojado e criativo. O reconhecimento internacional veio com a construção de sua primeira ponte, Bac de Roda, em Barcelona. Nas décadas seguintes, vieram diversas outras pontes e também estações de trem, complexos esportivos e culturais, museus e até mesmo um aeroporto, que o consolidaram como um forte nome da arquitetura mundial – já que, além de projetos na Europa, Calatrava realizou obras de grande destaque no Canadá e nos Estados Unidos.
Com o decorrer do tempo, o trabalho de Calatrava passou a ser visto, no mundo todo, como símbolo de modernidade e ousadia. Um exemplo perfeito disso é o Museu do Amanhã (construído entre 2010 e 2015), no Rio de Janeiro. Sobre o extraordinário projeto, o arquiteto escreveu que sua “ideia era de que o prédio passasse uma sensação etérea, quase como se estivesse flutuando sobre o mar, como um barco, um pássaro ou uma planta.”
Como escultor, Calatrava soube trazer muito dessa arte para seus projetos. Segundo ele, a arquitetura e a escultura são dois rios que fluem com as mesmas águas. Nesse contexto, a escultura seria uma arte puramente plástica, enquanto a arquitetura se submeteria à função, levando em consideração a escala humana.
Calatrava nunca se descreveu como um seguidor de nenhum movimento ou escola arquitetônica, embora muitas influências possam ser reconhecidas em seu trabalho – principalmente do arquiteto suíço Robert Maillart e do escultor norte-americano Alexander Calder. Alguns estudiosos definem seu trabalho como uma continuação do expressionismo. Nas palavras do próprio Calatrava: “meu principal interesse é a introdução de um novo vocabulário formal, composto por formas adaptadas ao nosso tempo.”