Desenvolvimento da capital mais rica e populosa do Brasil
Desde 1960, São Paulo ocupa a posição de capital mais rica e populosa do Brasil. Embora gere sozinha nada menos que 10% da riqueza nacional, nada indicava, até a metade do século XIX, que o município ostentaria tais postos.
Em 1872, de acordo com o primeiro censo nacional, a cidade contava com o parco número de 31.385 moradores e corria risco de constante e crescente esvaziamento. Nesse momento, o país já contava com outros centros urbanos significativamente mais populosos, como o Rio de Janeiro, com 274.972 habitantes, Salvador, com 129.109 habitantes e Recife, com 116.671 habitantes.
Do pequeno ao grande
Mas foi entre os anos 1872 e 1960 que os perímetros paulistanos foram influenciados por diferentes fatores que os levaram a uma transição impactante de pequeno município para a metrópole mais rica e populosa do Brasil. Em poucas décadas, São Paulo, sem antes visão de futuro, tornou-se o protagonista na economia nacional.
Café no cenário econômico
Com o fim da restrição às importações, resultado da transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, a agricultura, a preambular indústria têxtil e a agricultura mostraram-se expostas à concorrência internacional, situação que se tornou ainda mais desfavorável devido à decadência das tradicionais lavouras brasileiras.
Diante disso, surge o produto que, nos seguintes anos, configurou-se como o mais importante no cenário comercial do país: o café. De 1821 a 1830, foram 3,178 milhões de sacas exportadas, sendo os benefícios desta primeira expansão cafeeira não usufruídos por São Paulo. Aqui, a região toda era tributada ao Rio de Janeiro.
Com um número expressivo de exportação de 29,103 milhões de sacas de 1861 a 1870, foi na década de 80 deste mesmo século que o seu constante crescimento levou o número a mais de 50 milhões de sacas, com destaque absoluto para a produção paulista. Este salto levou o Brasil ao título de grande produtor mundial e altamente dependente do desempenho do café, que respondia a mais de 70% das exportações.
São Paulo, além de ser a residência oficial da imensa maioria dos barões de cafés e de políticos, passou a atrair trabalhadores e empresários de diversos lugares do mundo. Segundo o historiador econômico Flávio Saes, a cidade tornou-se “a capital do capital cafeeiro”.
Transporte e forma urbana
De acordo com a obra O Triunfo da cidade do economista Edward Glaeser, cidades como Nova Iorque e Chicago conquistaram imenso impulso de crescimento devido à posição geográfica estratégica aliada à excelente infraestrutura que reduz o custo de transportes.
Esta fórmula demonstra a importância das tecnologias de transporte para a forma urbana e se aplica, da mesma maneira, a São Paulo, que se mostra protagonista em relação aos demais municípios paulistas devido ao traçado das estradas de ferro construídas no século XIX.
Em virtude de uma lei decretada, em 1852, que concedia benefícios àqueles que investissem nas estradas, a cidade passou a encontrar um estímulo forte o suficiente para subsidiar a construção de um sistema que transportasse a produção de forma ágil, eficaz e barata até o Porto de Santos.
Aliando a fonte de riqueza (café) ao estímulo para o desenvolvimento (o trem), São Paulo tornou-se “um lugar atrativo para receber o que ainda lhe faltava: gente”.
Para além da força do café
Apesar da forte ascensão paulistana decorrente do sucesso do café, a cidade descobriu e criou, em pouco tempo, atrativos diversificados e relevantes que impulsionaram a expansão do setor terciário. Além disso, destaca-se a variedade econômica que se configura como uma das maiores colunas que sustenta o cenário econômico, superando crises, resistindo aos obstáculos e voltando ao seu constante crescimento.
A história do crescimento de São Paulo se espelha em todos os seus perímetros, inclusive na história de seus bairros, esses os quais acompanharam todas as fases da cidade, modificando-se, adaptando-se e, sem sombra de dúvidas, desenvolvendo-se.
Quer conhecer mais sobre os bairros de São Paulo? Leia a nossa matéria sobre o Alto da Boa Vista!