As corretoras Renata Castro, Roseane Sanches e Katia Frazza falam sobre edifícios clássicos do bairro, que marcaram a história do modernismo
Higienópolis é um dos bairros paulistanos com maior tradição em arquitetura, abrigando edifícios icônicos do modernismo brasileiro. Sem perder suas características ao longo das décadas, a região possui imóveis que são, até os dias de hoje, objetos de estudo de profissionais e interessados nesse movimento arquitetônico. Além disso, com suas plantas espaçosas e bem iluminadas, os apartamentos têm atraído cada vez mais compradores e investidores do mercado imobiliário de alto padrão.
Em seus primórdios, Higienópolis sediou diversos palacetes dos barões de café de São Paulo, alguns dos quais ainda se encontram preservados no bairro. Mas o destaque realmente fica por conta dos edifícios residenciais construídos entre os anos 1940 e 1960, muitos deles marcos emblemáticos do estilo modernista, projetados por uma leva de arquitetos vanguardistas que estão entre os mais respeitados do mundo, como Rino Levi, Vilanova Artigas e Franz Heep.
O início da verticalização de Higienópolis, que foi uma das primeiras áreas da cidade a ter prédios de alto padrão, deu-se por volta de 1933. O primeiro edifício do bairro foi o Alagoas, seguido pelo Santo André (construído pelo engenheiro Francisco Matarazzo, com projeto do arquiteto francês Jacques Pilon), e os edifícios Augusto Barreto e D. Pedro II, todos da década de 1930.
Mas foi a partir das décadas de 1940 e 1950 que Higienópolis passou, de fato, a ostentar uma paisagem verticalizada. Nesse período, o bairro recebeu edificações de exemplares arquitetônicos diversos, embora o destaque sejam os modernistas. Os novos empreendimentos residenciais eram, em grande parte, voltados à classe média. “Esse período marcou uma nova era. O maior exemplo disso é o Edifício Louveira, de João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, considerado um dos mais importantes representantes da arquitetura moderna”, explica Roseane Sanches, corretora da Esquema Imóveis.
O Louveira, tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) simbolizava perfeitamente aquele novo momento arquitetônico. “O edifício fica na Praça Vilaboim, com duas torres paralelas intermediadas por um pátio interno com jardim. A implantação faz uma integração do espaço público com o privado, assimilando a praça, que está em frente, ao interior do edifício”, completa a corretora Renata Castro.
Higienópolis abriga ainda edifícios como o Domus (do escritório Siffredi & Bardelli, criado por um casal de arquitetos italianos) e o Chopin (um dos últimos projetos do arquiteto Luciano Korngold). “Foi um bairro que se reinventou após a queda do comércio de café”, conta Roseane. Outros arquitetos que projetaram prédios nessa região foram Rino Levi, com o Edifício Prudência (com azulejos e paisagismo de Roberto Burle Marx), e Franz Heep, com o Lausanne e o Condomínio Lugano e Locarno.
Concreto, aço e vidro eram materiais bastante apreciados pelos arquitetos modernistas. Muitos dos edifícios desse movimento utilizavam também pastilhas em suas superfícies externas ou até mesmo internas, como o Edifício Anchieta, projetado para uso misto (residencial e comercial) pelos arquitetos Marcelo Roberto e Milton Roberto, que atuavam em um dos mais importantes escritórios da arquitetura moderna brasileira, o MMM Roberto.
Outros clássicos desse período, que também exibem pastilhas e elementos coloridos em sua composição, são o Bretagne, o Cinderela e o Parque das Hortênsias, de Artacho Jurado – que projetou ainda o Edifício Parque das Acácias (ou APRACS), com foco em um perfil de famílias mais jovens, que estavam migrando para o bairro. “O Bretagne é um marco arquitetônico de São Paulo, por sua planta em L e seu estilo único, que mistura diversas formas e cores, além de ter sido um dos primeiros prédios residenciais da cidade com áreas comuns de lazer aos moradores – como piscina, playground, salão de festas, restaurante, piano-bar e jardim na cobertura”, comenta Renata.
A arquitetura modernista no mercado imobiliário contemporâneo
Conforme explica Roseane, um dos primeiros atrativos do bairro certamente é sua arquitetura, pelas características modernistas e o foco na integração com a sociedade. “Vemos poucos muros e as fachadas são ativas, ou integradas com a calçada”, observa a corretora. Segundo ela, tradicionalmente há uma comunidade judaica, que procura por imóveis no bairro de Higienópolis, mas a região também tem interessado casais com filhos pequenos e pessoas mais jovens, que admiram o movimento modernista e desejam morar nos prédios considerados clássicos desse estilo.
Katia Frazza, corretora da Esquema Imóveis, concorda com Roseane. “Os compradores buscam principalmente espaços amplos, além do charme, da segurança e da qualidade de vida do bairro. Eles querem estar próximos a renomados colégios, bons restaurantes e shopping center, com fácil acesso a qualquer lugar de São Paulo”, ressalta.
Quanto às características dos prédios modernistas em Higienópolis, em geral os imóveis precisam de alguma reforma, muitas vezes também hidráulica e elétrica. Nesse sentido, Katia destaca a amplitude dos apartamentos, com janelas do chão ao teto, pé-direito alto, colunas ou pilotis, pastilhas coloridas, painéis artísticos, grades de ferro fundido, materiais nobres e jardins, tanto no chão quanto nas partes mais elevadas das construções.
De acordo com Roseane, a questão da reforma não é necessariamente um obstáculo para os compradores. “Em geral, a pessoa que compra um apartamento modernista não tem problema com isso. Pode-se realizar um retrofit, já que os materiais de acabamento são interessantes, ou optar por uma reforma total”, explica a corretora.
No que diz respeito ao tamanho, os imóveis podem variar de 200 até 500 m², em média. “São apartamentos unifamiliares e, muitas vezes, há diversas metragens no mesmo prédio. Há os projetos de Artacho Jurado, com tamanhos maiores, mas também o Prudência e o Louveira, com vários tipos de unidades. Não existe, de fato, uma padronização nesse sentido”, salienta Roseane.
Os valores, mesmo nos prédios mais cobiçados da arquitetura modernista, tendem a ser atrativos, quando comparados a regiões nobres da cidade – como Jardins e Itaim Bibi. “O metro quadrado em Higienópolis começa na faixa de R$ 9 a 10 mil. Existem algumas oportunidades por até R$ 8 mil, mas isso é raro para os apartamentos mais clássicos. Dependendo do grau de reforma e do prédio onde está localizado, o metro quadrado pode chegar a R$ 16 ou 17 mil. São produtos difíceis de precificar, porque não se trata apenas de um imóvel, mas de uma arquitetura que é considerada uma verdadeira obra de arte”, conclui Roseane.
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