Conheça as influências clássicas que ajudaram a moldar a região dos Jardins, uma das mais tradicionais de São Paulo
A região dos Jardins, principalmente Jardim Europa e Jardim América, teve forte influência europeia em sua concepção. A arquitetura francesa clássica foi um dos estilos que ajudaram a moldar a paisagem da região, que foi planejada e implantada seguindo os conceitos de bairros-jardins, privilegiando casas e canteiros ajardinados, com grandes terrenos livres.
No que diz respeito às características urbanas, o destaque dos Jardins é o traçado não retilíneo das ruas, sem esquinas que obstruam a vista, proporcionando uma sensação de segurança. Essa forma mais orgânica foi, em parte, inspirada na obra do arquiteto franco-suíço Le Corbusier.
Já no que diz respeito à arquitetura, algumas das casas mais icônicas do bairro foram projetadas pelo arquiteto francês (radicado no Brasil) Jacques Pilon, entre as décadas de 1930 e 1960. Embora ele tenha sido um dos propagadores do modernismo no país, suas influências iniciais foram o ecletismo e a art déco, ou seja, uma arquitetura de padrões mais clássicos, mas evitando excessiva ornamentação em suas fachadas.
“Pilon fez muitas casas nos Jardins, nesse estilo francês original, que era inspirado nos châteaus da França. O estilo estava muito na moda naquela época, por volta das décadas de 1950 e 1960”, conta Guilherme Carvalho, corretor da Esquema Imóveis.
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Um exemplo de imóvel com inspiração francesa é uma casa projetada pelo arquiteto Jean Seine, localizada no Jardim Europa. “A família foi até Paris, contratou o arquiteto e também adquiriu lá muitos dos materiais da construção – por exemplo, lareiras foram compradas de châteaus na França, toda a boiserie (molduras das paredes) também foi trazida de lá, assim como os móveis e o mármore”, explica Elisete Koller, corretora da Esquema Imóveis. “Então, tudo realmente é em estilo francês original.”
De acordo com Guilherme, até os dias de hoje há profissionais que se inspiram nesse estilo clássico da arquitetura francesa, muitas vezes se propondo a replicá-lo. “Marcos Tomanik, por exemplo, tem algumas casas em estilo francês”, observa.
Essas versões brasileiras de châteaus franceses, embora sejam uma adaptação do estilo arquitetônico para a realidade paulistana, tendem a apresentar alguns elementos característicos, como linhas retas, mas com fachadas assimétrica, compostas por planos de avanço e de retrocesso, além de pilares, amplas venezianas e janelas muitas vezes decoradas com frontões – que têm sua origem na arquitetura clássica greco-romana e que também são muito utilizados em construções neoclássicas.
A influência francesa, principalmente em bairros privilegiados de São Paulo, deve-se principalmente ao fato de as famílias da alta sociedade paulistana enviarem seus filhos para estudar na Europa – uma prática que teve seu auge com os barões do café, no século XIX (a chamada Belle Époque), período em que Paris era considerada a capital cultural do mundo. Tanto que o francês era um idioma obrigatório nas escolas tradicionais da cidade. E as inspirações arquitetônicas não se limitaram aos Jardins – outros bairros, como Higienópolis e Campos Elíseos, também tiveram casarões construídos com influência europeia.