Arquiteto com projetos originais e intuitivos
Eduardo Longo é um arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, em São Paulo, pertencente à geração de profissionais que se desmembraram na busca persistente por novos caminhos arquitetônicos com o propósito de superar os obstáculos decorrentes do esvaziamento do movimento moderno.
Ainda estudante, entre os anos 1961 e 1966, sua linha de trabalho já começou a ganhar uma forte identidade que permeou toda a sua carreira. A liberdade de expressão plástica é um dos marcos mais importantes em seus projetos, aspecto que se destaca principalmente pelos contextos em diferentes frentes, como a geração hippie, a revolução cubana e maio de 68 francês.
Primeiro projeto de destaque
Em 1964, Longo teve seu primeiro projeto significativo de uma casa localizada na praia de Pernambuco, no Guarujá. A Casa do Mar Casado, que imediatamente chamou a atenção do crítico Pietro Maria Bardi, foi desenvolvida quando Eduardo ainda cursava o terceiro ano de arquitetura e decidiu levar o projeto para a faculdade, onde contou com a assessoria de seu professor arquiteto de origem tcheca, Franz Heep, que contribuiu com diferentes projetos expressivos na cidade, como o Edifício Itália.
Para Bardi, o projeto não passou despercebido: “o desprendimento e brilho arquitetural, o traço entre escultura e arquitetura, ajardinamento e paisagem, tudo contribui para a felicidade da ideia e a audácia do empreendimento. A casa é uma das realidades certas da arquitetura brasileira moça”.
Em concordância com Pietro, o historiador Yves Bruand afirma que a plasticidade do concreto, único material capaz de se prestar a formas tão flexíveis e complexas quanto as imaginadas pelo arquiteto, foi explorada sob todos os ângulos com um virtuosismo comparável ao de Niemeyer.
Com uma autenticidade e intuição eminentes, Carlos Lemos ressalta como “a obra de Eduardo Longo aparece totalmente desvinculada da produção arquitetônica brasileira e até mesmo de grupos que pudessem caracterizar uma arquitetura paulista. Liberto de qualquer imposição teórica – talvez, antes de tudo um intuitivo -, soube, com maestria, criar espaços inesperados usando somente planos de cobertura que se interceptam em arestas inclinadas, decorrentes da frequente falta de paralelismo entre os paramentos verticais, estando posta de lado qualquer hipótese de regularidade e simetria”.
Características do projeto
Ainda em seu projeto Casa do Mar Casado, Longo valida mais uma vez a sua autenticidade a partir da valorização das questões relativas ao uso de forma independente. Diferentemente do que muitas vezes se espera em uma casa de praia, o arquiteto optou por um partido mais intimista com coberturas estudadas para controlar a luz, afastando-se da tendência de ambientes mais transparentes. Para ele, depois da exposição ao sol, as pessoas desejam refúgio e repouso à sombra.
No projeto, destacam-se características diversas como a originalidade de concepção dos espaços internos, a ausência do ângulo reto, paredes não paralelas e a cobertura inclinada e facetada em concreto armado.
Singularidade e originalidade
Com uma trajetória singular e repleta de particularidades, pode-se dizer que Longo é contemporâneo, parte de uma geração de arquitetos que, em busca de novos caminhos de expressão fundamentados no rompimento com os paradigmas do movimento moderno, desenvolveu um conjunto de obras ricas em experiências conceituais, comportamentais e técnico-construtivas. São mais de cem projetos construídos, não construídos e teóricos.
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