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O poder dos bons hábitos e da disciplina

No evento de Kick off da Esquema Imóveis, o nadador César Cielo explicou como os bons hábitos e a disciplina podem influenciar o coletivo

 

Somos um produto dos nossos hábitos e, por meio deles, acabamos impactando todos à nossa volta. Por isso, o tema escolhido pela Esquema Imóveis para guiar o trabalho da equipe, no ano de 2022, é O Poder de Transformação dos Bons Hábitos. E, para exemplificar como o foco e a disciplina podem nos ajudar a obter resultados de alta performance, não há pessoa melhor do que César Cielo, um dos maiores atletas da história da natação brasileira, com diversos recordes mundiais e medalhas olímpicas, inclusive o ouro nos jogos de Pequim, em 2008.

O nadador foi o convidado especial do evento de Kick off da Esquema Imóveis, na semana passada, para explicar como sua disciplina e controle mental o levaram a traçar um caminho de sucesso. “Os bons hábitos valem para qualquer coisa em nossa vida. Mas como se consegue uma alta performance no esporte? Eu costumo chamar de 101%, porque esse 1% é o inexplicável, o extraordinário”, disse Cielo.

Conforme explicou o atleta, se nosso nível de exigência é ruim, o resultado também será. Por outro lado, se nos exigimos mais, também conseguimos chegar muito mais longe. “Uma das coisas mais difíceis é que, às vezes, um atleta é dedicado, disciplinado, está fazendo um bom trabalho, mas não cruzou ainda aquela pernada dos diferenciados, que é um pouco acima: um nível de exigência mais alto, uma conversa interna com mais urgência, mais necessidade. Aí você dá um salto enorme, para o excepcional.”

 

O diferencial dos campeões  

Um dos questionamentos lançados por Cielo foi o seguinte: por que existe apenas uma medalha de ouro no campeonato mundial? O medalhista que levou a prata certamente não é menos talentoso que o de ouro. “Não é a disciplina que faz a diferença em um cenário desses, no qual todos são muito bons. Não é a resiliência, a persistência ou a dedicação”, observa o nadador. “Eu tive a oportunidade de morar dez anos nos Estados Unidos e cresci ouvindo, aqui no Brasil, que era impossível ganhar dos americanos na natação. Acabamos criando esse cenário de que eles eram super-homens. Mas eu nunca aceitei isso. Afinal, tenho duas mãos, duas pernas e uma piscina com água. O que eles têm que não existe aqui?”

Quando Cielo foi para os Estados Unidos, frequentou a mesma universidade de campeões olímpicos e passou a observar o comportamento desses atletas. “Eu defini a diferença entre esses extraordinários e o restante das pessoas em três pontos. O primeiro é dominar o estado emocional. Isso é importantíssimo. Mas como deixar para trás a emoção e fazer o que é preciso? Os seres humanos não têm emoções, eles fazem emoções. Você se permite sentir algo a partir de um gatilho. É isso que os grandes entenderam: como posso me manipular para me sentir bem, mesmo nos momentos mais difíceis? E eu vi essa transformação na minha frente, como eles conversavam consigo mesmos”, conta.

Cielo acrescenta que muitas pessoas tendem a se perguntar: e se eu perder? E se isso não der certo? Por que sou tão azarado? Enquanto isso, a pergunta dos campeões é: como vou deixar meu melhor agora? “É simples assim. É ter a calmaria de, naquele momento, fazer as perguntas certas dentro de você. Pode ser que seja a última chance da sua vida. Por isso eu me batia como um doido na hora de nadar: estava mandando minha cabeça ficar quieta”, lembra o atleta.

Ou seja, trata-se de saber se dominar internamente. “Um hábito muito legal, quando você acorda de manhã, é se perguntar: como vai ser meu dia? Qual o resultado que eu quero para mim, no dia de hoje? A gente adora responder perguntas, mas, em geral, só fazemos perguntas ruins. E qual é a certa? Mesmo se eu não conseguir, o que eu tiro dessa experiência? Essa é a mentalidade da pessoa que ganha. Não existe ‘as estrelas se alinharam e o cara foi campeão olímpico.’ O que ele teve foi habilidade para controlar seus pensamentos e emoções.”

 

 

O segundo ponto a ser considerado, de acordo com Cielo, são as pessoas importantes em sua vida. “Nós somos o reflexo das expectativas dessas pessoas. Se você não tem um time forte, que te instigue e estimule, tem um problema. Ninguém chega lá sozinho. Eu escutava da minha própria família, em sábados de treino: não dá para faltar um dia? Ou você aceita esse nível de exigência mais baixo, das pessoas que estão ao redor, ou mantém seu processo. Isso explica por que os Estados Unidos são tão fortes no esporte: o nível de exigência do grupo é elevado ao extremo. A pessoa mais fraca sabe que pode prejudicar o time inteiro, então ela eleva sua performance. A energia do grupo afeta a todos”, ressalta.

O último ponto, que Cielo considera um dos mais complicados, tem a ver com os detalhes. “Os atletas fora de série fazem tudo o que todo mundo faz, só que melhor. Fiquei amigo de um treinador de basquete e perguntei: o que você ensina no treino? Ele me disse que ensinava os jogadores a amarrarem o tênis. Por quê? Quando o atleta amarra o tênis melhor, ele corre mais rápido, salta mais alto e pode evitar uma lesão. Você amarra bem o tênis hoje, leva alguns minutos a mais do que o normal, mas amanhã já amarra melhor. Daqui a alguns meses, sua carreira talvez tenha um destino melhor por causa desse detalhe.”

 

Qual sua vontade de vencer?

Vale destacar que, para ter resultados melhores, em longo prazo e de maneira sustentável, tanto a nutrição quanto as horas de sono são extremamente importantes. “É preciso colocar o combustível certo no seu corpo, senão a saúde vai pedir a conta. Também é importante ter um equilíbrio entre o lado pessoal e o profissional. Um atleta feliz compete melhor”, afirma. “Eu testei tudo isso em mim e deu certo. A nossa cabeça funciona por comandos e ela pode nos ajudar. Basta que você saiba o que quer e foque nos seus processos, nas suas rotinas e nos seus hábitos. Não adianta só ficar pensando e planejando, tem que fazer.”

Para ilustrar esse ponto, Cielo trouxe como exemplo uma história de quando tinha 13 anos de idade. Seu treinador marcou uma conversa às 6h da manhã de um domingo e lhe perguntou várias vezes, em diferentes momentos de uma pesada série de exercícios: qual é o tamanho da sua vontade de ser campeão? A resposta era sempre a mesma: muita vontade. A virada aconteceu quando ele pediu para o jovem nadador ir até o fundo da piscina e segurar o ar pelo tempo máximo que conseguisse… e quando chegasse ao limite, segurar por mais dois segundos. Cielo fez exatamente isso e, quando finalmente voltou para a superfície, o treinador lhe falou: “Você vai ser um campeão do mundo, vai ser o melhor no que faz, quando a sua vontade de alcançar esse objetivo for tão grande quanto a vontade que você sentiu de respirar”.

É uma história extrema, mas que nos coloca em uma reflexão interessante: afinal, qual o nível de exigência e de urgência que temos com os nossos objetivos? “Uma coisa que a gente se pergunta o tempo inteiro no esporte: isso é importante? Isso me deixa mais perto de onde quero chegar? Se a resposta é não, não tem por que fazer”.

Basicamente, tudo gira em torno de ganhar da chatice e trabalhar sua rotina, todos os dias, porque você sabe que essa rotina é o que te entrega resultados. “Eu estou aqui e quero chegar ali. O difícil é fazer, não planejar”, destaca o nadador. “E você tem que voltar amanhã com mais vontade de ser melhor do que foi ontem, e repetir e repetir. Eu competi mais de 4.200 vezes na minha vida, mas estou aqui por causa de 22 momentos: as 19 medalhas em mundiais e as 3 olímpicas.”

Outra questão essencial é: por que você vai fazer o que faz? “Toda essa energia, todo esse esforço, não pode ser apenas para ganhar dinheiro no final do mês. Porque as emoções vão gritar e você vai querer jogar tudo para cima, então precisa saber por que está fazendo aquilo. Se me perguntarem quantas vezes eu pensei em parar de nadar, a resposta é: toda semana”, confessa Cielo.

Segundo ele, a reflexão sobre as verdadeiras razões pelas quais estamos fazendo algo é o que nos salva nos momentos mais difíceis. “E essa mudança de foco não é algo que a gente nasce sabendo. Não é uma questão de personalidade, mas de motivação. Somos preguiçosos, então precisamos jogar com a nossa cabeça. A disciplina é uma ferramenta. O treino é o único momento do dia em que você vai chegar mais perto do seu objetivo. É lá que se ganha o jogo. Uma sequência de bons resultados começa com o primeiro. Por que não pode ser hoje nosso dia número um?”

 

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