Conheça a história de uma das avenidas mais importantes de São Paulo, onde se concentra o maior polo financeiro da cidade
Um dos mais relevantes centros comerciais e financeiros da capital paulista, a região da Avenida Brigadeiro Faria Lima tem passado por um verdadeiro boom no que diz respeitos a lançamentos do mercado imobiliário de alto padrão.
Mas quais são as origens dessa avenida tão cheia de história, que deu a seus frequentadores até mesmo uma nomenclatura própria (os famosos Faria Limers)?
A Faria Lima foi criada e construída nos anos 1960, em uma área de várzea do Rio Pinheiros (canalizada na década de 1940), para servir de ligação entre os bairros de Pinheiros e Brooklin.
O nome foi escolhido em homenagem a José Vicente de Faria Lima, filho de um imigrante português e nascido no Rio de Janeiro, que iniciou sua carreira na FAB (Força Aérea Brasileira) e chegou ao cargo de brigadeiro em 1958.
Faria Lima participou da criação do Ministério da Aeronáutica e foi comandante do Campo de Marte, em São Paulo. Em 1965, foi eleito prefeito de São Paulo e sua administração desenvolveu diversas obras importantes, como o metrô, as marginais Tietê e Pinheiros e as avenidas Sumaré, Radial Leste e 23 de Maio. Também foi iniciativa sua a elaboração do primeiro Plano Diretor da cidade.
As obras da Avenida Faria Lima foram iniciadas ainda na gestão de José Vicente, como um alargamento da Rua Iguatemi, e a via receberia o nome de Radial Oeste. Mas, por conta do falecimento do ex-prefeito, em 1969, o nome foi alterado para homenageá-lo. Seu filho, José Eduardo, participou da cerimônia de inauguração, promovida pelo então prefeito Paulo Maluf.
Foi ainda no início da década de 1970 que os edifícios comerciais começaram a compor a paisagem da Avenida Faria Lima, substituindo as casas por um skyline verticalizado, que já começava a se parecer muito com o da Avenida Paulista.
Novos trechos da avenida foram implantados nas décadas seguintes, principalmente nos anos 1990 (com a expansão do Largo da Batata para a Avenida Pedroso de Morais e da Cidade Jardim para a Avenida Hélio Pellegrino), até que ela tomasse a configuração que tem nos dias de hoje.
Em 2004, foi aprovada a Operação Urbana Consorciada Faria Lima, que captou investimentos para a infraestrutura da região, dando origem à chamada Nova Faria Lima, caracterizada por um novo tipo de configuração imobiliária, com empresas ocupando um prédio inteiro ou vários andares e sem comércio no térreo.
Já em 2010, foi inaugurada a Estação Faria Lima, na altura do Largo da Batata, uma das primeiras da linha amarela do metrô a serem abertas para os usuários. Outra opção de transporte implementada na avenida foi a ciclovia, em que circulam até hoje, diariamente, milhares de bicicletas (e os tradicionais patinetes).
Entre as principais atrações da Faria Lima estão o Shopping Iguatemi (primeiro shopping de São Paulo, fundado em 1966), o Museu da Casa Brasileira, o Clube Pinheiros, o Edifício Dacon e inúmeros bares e restaurantes (principalmente nas extremidades da avenida). A região também abriga sedes de importantes startups e multinacionais, como Google e Deutsche Bank.
Com o isolamento social durante a pandemia, a partir de 2019, a avenida se esvaziou um pouco, já que muitos trabalhadores passaram a atuar em home office. A tendência, com o retorno a modelos de trabalho presenciais ou híbridos, é que as empresas apostem em escritórios com menos pessoas, mas com ambientes mais amplos.
A inovação também continua sendo uma marca registrada da avenida: em 2020, foi lançado na Faria Lima o primeiro prédio multipisos com estrutura de madeira do Brasil, sede da empresa Dengo. Isso é prova de que a Faria Lima deve seguir como uma referência em São Paulo e uma das áreas comerciais mais valorizadas e cobiçadas da cidade, com sua ampla estrutura e ótima mobilidade urbana.
Boom de lançamentos
A tendência de valorização dessa região tem se refletido também no mercado imobiliário residencial, principalmente no que diz respeito a novos empreendimentos de alto padrão. “Com a consolidação da Faria Lima como principal eixo econômico e centro financeiro da cidade, houve a demanda por empreendimentos residenciais de altíssimo padrão na região. Esse movimento se intensificou nos últimos 15 anos”, explica David Farah, gerente de lançamentos da Esquema Imóveis.
“Atentas a esse público, as incorporações voltaram seu foco a plantas mais espaçosas, acima de 500 m². Exemplos clássicos são o Seridó, da Construtora São José (2009), e os principais empreendimentos da Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior: o Château Latour, Pateo Leopoldo e Terraço Leopoldo, todos da Bolsa de Imóveis (2009-2010)”, completa.
De acordo com Farah, o chamado Itaim Nobre, no quadrilátero Faria Lima, Parque do Povo, JK e Cidade Jardim, continua recebendo novos projetos e levando os preços da região a um novo patamar. “Lançamento recente, em plena pandemia, o Casa Lafer (com unidades de 424 m², na Rua Lopes Neto) tem apenas 2 apartamentos disponíveis, mostrando que a demanda na região continua forte e antecipando o lançamento do projeto, em terreno bastante interessante, por sua metragem e por ter toda o restante da quadra tombado”, comenta.
Já ao longo da avenida, passando pelo Jardim Paulistano, desenvolveu-se outro nicho de mercado: o de condomínios horizontais de altíssimo padrão. “Ruas como Jacarezinho, Campo Verde, Ibiapinópolis e Manduri vêm recebendo projetos que saem 100% vendidos. A escassez de terrenos para futuras incorporações contribui para a contínua valorização dos bons ativos imobiliários que ali estão”, observa o gerente de lançamentos.
Seguindo no sentido Avenida Rebouças, a incorporação residencial também ganhou força e vem transformando a região, tanto com prédios corporativos quanto residenciais – a exemplo do Praça Henrique Monteiro, projeto que prevê um boulevard com calçadas de 9 metros de largura, restaurante operado por empresa de renome e boulangerie de padrões internacionais. “O projeto contempla ainda um jardim elevado, amplo e privativo. Em seus mais de 40 pavimentos de altura, oferece a melhor vista da cidade de São Paulo”, ressalta Farah.
O gerente acrescenta que a Nova Faria Lima (incluindo sua futura extensão, até a Avenida Bandeirantes) trouxe para a Vila Olímpia empreendimentos ícones, como o Pininfarina (compactos de luxo), One Sixty, VN Millenium e W São Paulo, todos de alto padrão construtivo. O objetivo é atender desde o público familiar mais tradicional até os jovens que trabalham no eixo da Faria Lima, que buscam qualidade de vida e praticidade.