Em um cenário econômico ainda incerto, destinar parte do patrimônio ao investimento em imóveis continua sendo uma boa alternativa
Neste segundo ano de enfrentamento da pandemia, pode-se dizer que o mercado imobiliário se tornou mais do que preparado para lidar com surpresas. Felizmente, muitas delas acabaram sendo positivas para o setor. “O que mais nos surpreendeu foi a forte demanda no primeiro semestre de 2021. Esse aquecimento já vinha acontecendo desde o segundo semestre de 2020, principalmente no alto padrão, mas não poderíamos imaginar que nosso segmento se fortaleceria tanto”, conta Marco Túlio Vilela Lima, CEO da Esquema Imóveis.
A demanda, que vinha crescendo principalmente no nicho de casas, por conta de uma busca das pessoas por mais espaço e melhor qualidade de vida, foi impulsionada pelas taxas de juros muito baixas. “Houve um impacto negativo, nos primeiros meses do ano passado. As pessoas estavam temerosas e tentando entender o que estava acontecendo. Já no início deste ano, quando pensávamos que a vida retornaria ao que era, houve um novo lockdown em São Paulo”, lembra Túlio.
“Ainda assim, conseguimos continuar trabalhando, dentro dessa nova normalidade. O mesmo aconteceu com o mercado, nesse período, que não sofreu qualquer solavanco e permaneceu aquecido,” observa. Para o CEO da Esquema Imóveis, esse cenário de pleno aquecimento está relacionado à continuidade dos efeitos da pandemia em nosso cotidiano, que até hoje ainda é sentida, mesmo que em escala menor.
Futuro ainda nebuloso
De acordo com Túlio, neste momento as taxas de juros estão subindo e a tendência é de que esse movimento se prolongue por mais algum tempo, provocando retração da economia. “Esse tipo de situação faz com que o apetite para investir, em qualquer segmento, diminua. Por isso, agora, estamos em um momento de incerteza”, afirma.
Conforme explica o CEO da Esquema Imóveis, todos os segmentos são impactados por crises, mas de modos diferentes. “De modo geral, o alto padrão tem um fôlego maior. Em um momento de instabilidade econômica, por exemplo, a classe média rapidamente retrai seu apetite de compra, até mesmo como forma de sobrevivência. O alto padrão não é tão impactado, em um primeiro momento, mas um mercado ruim acaba sendo negativo para todo mundo”, salienta Túlio.
Isso quer dizer que, se a crise é de curto prazo, podem surgir oportunidades. No entanto, a permanência de um cenário de incerteza, por um longo período de tempo, não é boa para nenhum setor da economia. “Em momentos assim, falando do nosso mercado, o investidor imobiliário começa a procurar alternativas fora do país. Em crises passadas, por exemplo, percebeu-se um movimento muito grande de aquisições no exterior, como em Portugal e Estados Unidos.”
Segundo Túlio, é difícil saber exatamente o que esperar, para 2022. “Minha aposta é de que teremos uma situação mais equilibrada, em termos de oferta e demanda. Tudo vai depender das taxas de juros, porque elas fomentam o investimento imobiliário, independentemente do padrão. A própria cotação do dólar é um reflexo disso. Oscilações excessivas desses indicadores e moedas nunca são positivas. Mas, se a inflação for controlada rapidamente e os juros pararem de aumentar, veremos um cenário mais favorável. O fato de termos pela frente um ano de eleições também torna complicado fazer previsões. São muitas variáveis”, comenta.
Investimento sólido
Historicamente, momentos de incerteza tendem a levar as pessoas a buscarem ativos considerados mais sólidos, concretos. “Elas se apoiam em investimentos mais seguros, como ouro e imóveis. Isso pode alavancar nosso mercado, já que muitos acabam optando por tirar parte de sua liquidez dos bancos e colocar em ‘tijolos’. Então, é algo que também pode acontecer”, aponta Túlio.
Para ele, investir em imóveis pode ser considerado um dos movimentos mais conservadores possíveis. E, nesse caso, não se trata de algo pejorativo – tem a ver com segurança. “Em um momento como este, no qual o mercado está temeroso, existem algumas vantagens em investir em imóveis. Quando se considera o histórico do Brasil (com períodos de inflação alta, desvalorização da moeda, confiscos, pouca confiança na classe política), esse conservadorismo já está enraizado em nosso DNA. O imóvel é como um porto seguro”, salienta. “Embora seja um ativo sem tanta liquidez quanto dinheiro no banco, faz todo o sentido, na situação atual, vincular uma parcela de seu patrimônio a imóveis. É como se fosse uma proteção desse patrimônio.”
A questão da liquidez do imóvel, por exemplo é algo que pode ser observado durante o processo de compra. “É quase um clichê, que todos reforçam, na hora da escolha de um imóvel: a localização”, destaca Túlio. O comprador precisa considerar que um dia talvez precise se desfazer desse bem, ou seja, deve pensar nele como um investimento (mesmo se estiver comprando a casa ou apartamento para sua própria moradia). “Também é preciso tomar cuidado com modismos, movimentos de manada… Muitas vezes, quando um determinado tipo de imóvel está na moda, isso acaba gerando superoferta em algumas regiões. Eu, particularmente, aposto em imóveis mais tradicionais, para famílias, pois esses sempre terão procura. Isso ajuda ampliar o leque de possíveis compradores.”
Túlio acredita que o maior desafio, para o mercado imobiliário no geral e para a Esquema Imóveis em especial, é se manter atualizado no que diz respeito aos avanços das ferramentas tecnológicas. “Cada vez mais, a digitalização é uma tendência. Nosso trabalho é procurar espaços que os outros ainda não perceberam. Houve um movimento muito grande para as redes sociais, de alguns anos para cá, e fomos um dos maiores expoentes. Agora, que a tecnologia já não é mais um diferencial, nosso desafio é encontrar meios de continuarmos sendo referência, inovando e nos reinventando, descobrindo novos caminhos para permanecermos como um modelo de inovação no nosso mercado. Não podemos ignorar a velocidade das transformações que vêm pela frente”, conclui.