Projetadas para trazer charme e funcionalidade, as escadas podem se tornar verdadeiros destaques em uma casa ou apartamento
Quando paramos para observar a arquitetura de um imóvel, é raro prestarmos muita atenção em escadas. No entanto, esse é um elemento da construção que pode fazer uma enorme diferença – tanto no contexto prático quanto decorativo.
Na arquitetura residencial, mais do que uma simples forma de conexão entre um andar e outro, as escadas podem agregar charme aos ambientes, adequando-se às necessidades de cada projeto e tornando os espaços ainda mais interessantes.
Sejam escadarias em estilo mais clássico ou estruturas modernas, com materiais diferenciados, elas podem ser idealizadas e executadas como parte do design de interiores – em especial nos ambientes de estar da área social, onde geralmente se localizam.
Como eram as primeiras escadarias?
As escadas mais antigas de que se tem notícia acompanham as primeiras edificações humanas. Os degraus eram feitos empilhando rochas planas ou troncos de árvores, para dar acesso às áreas mais elevadas de uma construção ou mesmo de cavernas. Há registros de que, em seus primórdios, as escadas representavam uma forma rápida e segura de escapar do perigo – já que, quanto mais alto um ser humano pudesse chegar, mais fácil seria evitar grandes predadores.
Foi apenas no Egito antigo (cerca de 2.000 anos A.C.) que esse elemento arquitetônico acabou ganhando, além dos aspectos práticos e funcionais, um sentido ornamental. Os palácios cretenses, na Grécia, também fizeram uso de escadas como adornos. Na China, a primeira escadaria de que se tem conhecimento, feita em granito, tinha como propósito o culto religioso, pois acredita-se que foi criada para levar as pessoas ao topo de uma montanha, um local considerado sagrado por sua proximidade com o céu. Os romanos, por sua vez, introduziram as escadarias em abóbadas (estruturas com coberturas em formato curvado, entre dois muros ou vários pilares, muito comuns em igrejas, catedrais e galerias subterrâneas).
Embora os estilos de escadarias variem muito de acordo com cada cultura, localização geográfica e período histórico, alguns formatos são considerados clássicos, principalmente por sua funcionalidade. As escadas em espiral, por exemplo, eram muito utilizadas em práticas militares. Os soldados que defendiam os castelos medievais de inimigos externos se posicionavam estrategicamente no topo dos degraus, segurando-se aos muros com uma das mãos e deixando a outra livre para lutar.
As escadarias costumavam ser projetadas com paredes em seus dois lados, servindo quase como túneis de acesso a diferentes níveis da edificação. A ideia de utilizar escadas como estruturas independentes, sem essa proteção lateral, é relativamente recente na arquitetura. Um exemplo disso é a arrojada escadaria aberta, projetada pelo artista renascentista Michelangelo para a Biblioteca Laurenziana, em Florença, na Itália do século XVI. Escadas grandiosas e impactantes também são muito encontradas em projetos arquitetônicos de estilo barroco, popular no século XVII. Já um dos primeiros exemplos de escada “exposta”, cercada por vidro transparente e posicionada no exterior de um prédio, foi na sede da Deutscher Werkbund, em Colônia, na Alemanha, um projeto idealizado por Walter Gropius em 1914.
Entre os materiais mais comuns para escadarias estão a madeira, a pedra ou o mármore. A partir da Revolução Industrial, com a introdução das escadas de ferro e aço, assim como a utilização de detalhes em vidro, curvas mais acentuadas e formatos alternativos passaram a ser possíveis.
O poder de transformar ambientes
Uma escadaria bem projetada tem o poder de inspirar sensações e de transformar completamente um ambiente. Mas, para que isso aconteça, é importante escolher os materiais perfeitos e o design adequado, de modo que a escada esteja em harmonia com o restante do projeto. Do contrário, sua casa pode acabar lembrando uma obra do artista holandês M.C. Escher – conhecido por seus desenhos de ilusão ótica envolvendo escadarias.
O hall de entrada e a área social são os locais onde a escadaria principal costuma ser inserida, geralmente como elemento central. Para que ela passe uma boa impressão a quem acaba de entrar no ambiente, deve mostrar personalidade e impactar visualmente, mas sem destoar dos demais aspectos arquitetônicos e decorativos. O design pode ser escultural, dramático ou discreto, dependendo do protagonismo que se pretende dar a esse elemento.
Mais do que um meio de circulação entre os andares, as escadas podem acrescentar leveza e perspectiva aos ambientes, dando uma sensação agradável de ampliação dos espaços e de grandiosidade. Seja em ambientes externos ou internos, suas funções decorativas são inegáveis na arquitetura contemporânea, podendo ser exploradas e aproveitadas das mais diferentes maneiras.
As escadas que dão a impressão de “flutuar”, por exemplo, com os degraus sustentados por finas estruturas metálicas, ou também de vidro e de madeira, têm sido cada vez mais aplicadas em projetos residenciais. O uso de corrimões, balaústres (pequenos pilares) ou paredes de proteção é opcional, mas recomendado para quem tem crianças ou animais de estimação em casa. E, para que o efeito seja ainda mais impactante, a iluminação precisa acentuar o desenho da escadaria. O importante, no entanto, é que ela não perca sua principal função: permitir o deslocamento entre ambientes de maneira prática, rápida e segura.