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Casa de arquiteto

Conheça alguns projetos criados por arquitetos para sua própria residência, como a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi e a Casa das Canoas de Niemeyer

 

Quando arquitetos constroem casas para si mesmos, será que eles trabalham de maneira diferente, talvez com mais liberdade para experimentações? No Brasil, temos diversos exemplos de residências que foram projetadas para seus próprios arquitetos, incluindo as casas de Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha e Lina Bo Bardi. Uma característica comum entre elas é o fato de que, ao criarem um espaço que atenda às suas necessidades pessoais, os arquitetos concretizaram ideias que são verdadeiros testamentos de seu estilo.

 

Casa de Vidro de Lina Bo Bardi (São Paulo/SP)

A arquiteta italiana Lina Bo Bardi chegou a São Paulo nos anos 1940 e se tornou um verdadeiro paradigma da arquitetura moderna brasileira. Sua primeira obra construída no país foi a Casa de Vidro, localizada no Morumbi e idealizada para que ela residisse com o marido, o escritor e curador de arte Pietro Maria Bardi.

Para criar sua casa, Lina se inspirou na Glass House, um projeto do norte-americano Philip Johnson, e na Casa Farnsworth, do arquiteto germano-americano Mies van der Rohe. Os projetos são marcados pela transparência dos vidros e pela leveza de estruturas de aço.

Construída em 1951, como uma espécie de refúgio do casal em meio à Mata Atlântica, a Casa de Vidro foi projetada para aproveitar o perfil natural do terreno, muito inclinado. Por isso, a arquiteta optou pela utilização de pilotis, muito comuns na arquitetura modernista, que dão a impressão de uma “caixa flutuante”.

Lina morou na casa projetada para si mesma até o final de sua vida. Em 1987, a Casa de Vidro foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo) como patrimônio histórico do estado de São Paulo. Hoje, o imóvel é sede do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, abrigando parte da coleção de arte adquirida pelo casal.

 

Casa Modernista de Gregori Warchavchik (São Paulo/SP)

Localizada no bairro da Vila Mariana, zona sul de São Paulo, a casa projetada pelo ucraniano Gregori Warchavchik foi construída em 1928. Tanto o projeto quanto a construção, a decoração, os interiores, os móveis e as peças de iluminação são de autoria do arquiteto, sendo que o paisagismo com espécies tropicais foi idealizado por sua esposa Mina Klabin.

A casa é considerada a primeira residência modernista do Brasil, uma concretização das ideias propostas no manifesto Acerca da Arquitetura Moderna, escrito pelo próprio Warchavchik. O projeto se destaca por suas linhas retas e arquitetura funcional, sem os ornamentos que eram característicos ao estilo da época.

A Casa Modernista foi tombada como patrimônio cultural e histórico em 1984 pelo Condephaat, pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e posteriormente pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), por sua importância histórica, artística, arquitetônica e cultural.

 

Casa Butantã de Paulo Mendes da Rocha (São Paulo/SP)

Projetada em 1964 por Paulo Mendes da Rocha, a casa se localiza na zona oeste de São Paulo. É composta por um volume de seis superfícies, que formam um espaço interior único. A cobertura plana conta com claraboias de vidro transparente e os pisos são conectados por uma escada de concreto.

O arquiteto viveu com a sua família na Casa do Butantã entre os anos 1970 e 1990. Sua proposta, com esse projeto, foi criar uma síntese de suas experiências arquitetônicas em um ambiente que lhe parecesse atual, mas sem se restringir a um modo de vida específico e permitindo inúmeras possibilidades. Por isso, as soluções da planta buscam sobretudo a liberdade.

A escolha do material que constitui a base do projeto, o concreto aparente, deve-se à sua versatilidade. A casa também apresenta cristal temperado e revestimentos à base de resinas plásticas, além de um eficiente sistema de canalização e aquecimento. A mobília foi criada para complementar os espaços, com algumas peças de autoria do próprio arquiteto.

 

Flat de Ruy Ohtake (São Paulo/SP)

O arquiteto paulistano Ruy Ohtake, autor de projetos ousados como o Hotel Unique e o Instituto Tomie Ohtake, foi também o criador do prédio onde reside com sua família, no Itaim Bibi, em São Paulo.

Com suas curvas e formas orgânicas, em estilo moderno, o projeto foge das simetrias. O concreto se destaca como elemento essencial da construção, assim como o aço e o vidro, mas os tons neutros dos materiais são “quebrados” pela escolha de cores vivas nos detalhes do prédio, incluindo amarelo, vermelho e azul.

No flat de Ohtake, uma “onda” de concreto ladeia o mezanino e o azul das paredes combina com a cor da fachada do prédio. Amplas janelas de vidro recortam a paisagem urbana. O arquiteto também é autor de muitos dos móveis que se encontram em seu apartamento.

 

Casa das Canoas de Oscar Niemeyer (Rio de Janeiro/RJ)

Responsável por alguns dos projetos mais importantes do país, Oscar Niemeyer também levou seu estilo único para construções não tão monumentais, como a casa onde residiu durante quase uma década com sua família, no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro. A Casa das Canoas, projetada em 1951 e construída em 1953, foi uma das inúmeras residências criadas pelo arquiteto – entre seus clientes, podem ser citados nomes como Juscelino Kubitschek, Francisco Pignatari e Darcy Ribeiro.

As curvas e formas sinuosas da arquitetura modernista de Niemeyer estão presentes nessa casa, assim como um profundo estudo da topografia do terreno, buscando integrar o projeto à paisagem – que inclui jardins projetados por Roberto Burle Marx e uma área de mata atlântica que faz parte da Floresta da Tijuca. Uma grande rocha se estende da piscina até o interior da casa e janelas de vidro acompanham todo o seu entorno. No que diz respeito ao mobiliário, algumas peças foram projetadas pelo próprio arquiteto.

Em 2007, a casa foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ela esteve aberta para visitação durante 20 anos, mas atualmente se encontra fechada, devido à necessidade de restauro.

 

Casa de Deborah Roig na Quinta da Baroneza (Bragança Paulista/SP)

 

A casa de campo que a arquiteta Deborah Roig projetou para sua família no condomínio Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista, traduz seu estilo contemporâneo e despojado. Com um projeto que valoriza o pôr do sol e a vista exuberante da paisagem, a casa se integra perfeitamente à natureza, privilegiando os espaços amplos e abertos.

A arquiteta aproveitou a topografia em declive do lote para criar uma residência térrea, com o mínimo possível de impacto ambiental e utilizando materiais construtivos da própria região. Além disso, o pé-direito alto e as grandes portas de vidro permitem a entrada de muita iluminação e ventilação naturais.

A área externa é um espetáculo à parte, com uma piscina de borda infinita que possui até mesmo um lounge interno. Para os dias mais frios, a sala está equipada com uma lareira a gás. O piso de madeira de demolição também traz aconchego e conforto. Todos os ambientes são pensados para facilitar a integração e o lazer, independentemente da época do ano.

 

 

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