Antes marginalizada, a expressão artística no espaço urbano tem ganhado reconhecimento e popularidade
O grafite é uma arte que carrega uma reputação controversa. Conhecida como expressão de rebeldia, por muito tempo foi considerada como mero vandalismo, sendo uma prática ainda criminalizada em muitos países. Apenas recentemente, artistas grafiteiros passaram a ganhar destaque por meio de suas obras, conquistando também legitimidade no mundo artístico, com o aval de instituições como museus e galerias de arte.
O termo original, graffiti, era utilizado na arqueologia para designar escritos ou desenhos feitos em paredes ou outras superfícies, em espaços públicos e sem permissão. Exemplos dessas manifestações podem ser encontrados no Egito e na Grécia antigos e também no Império Romano. Não muito diferentes dos grafites feitos com tinta spray, nos dias de hoje, essas obras revelam que atitudes consideradas “subversivas” são características humanas desde o início dos tempos.
Arte urbana ou contravenção?
Por se tratar de uma expressão artística que se popularizou nas periferias, como forma de demarcar territórios ou de protesto contra grupos e figuras de autoridade, o grafite sempre teve seu foco em temas sociais e políticos. Ainda existem preconceitos e comparações com as simples pichações (escritos ou rabiscos muito comuns na cidade de São Paulo). No caso do grafite, a elaboração dos traços costuma ser mais complexa e o uso de cores mais frequente, seja com spray aerosol, estêncil ou mesmo rolo de tinta. Como arte urbana, a ideia dessas manifestações é de aproveitar os espaços públicos, criando uma linguagem que possa interferir de forma criativa e intencional na cidade.
A linha que separa o marginal do artista realmente é muito tênue. Ao final dos anos 1960, a contracultura explodiu nos Estados Unidos e o grafite ganhou visibilidade no meio das artes visuais, sendo também associado a expressões musicais como o hip-hop. Já na década de 1980, o norte-americano Jean-Michel Basquiat ganhou popularidade como grafiteiro e somente depois se consagrou como figura importante do movimento neo-expressionista, com obras vendidas por milhares de dólares.
Outro artista de rua (e ativista político) que rompeu essa barreira foi o britânico Banksy, cujos trabalhos em estêncil são encontrados e admirados em vários lugares do mundo, de Los Angeles à Palestina. Apesar de sua notoriedade, ele foi capaz de manter a identidade anônima, já que poderia ser preso por espalhar suas artes sem autorização em propriedades públicas e privadas.
Para quem quer saber mais sobre o universo da arte urbana, o longa-metragem Exit Through The Gift Shop (2010), indicado ao Oscar de melhor documentário, retrata um pouco desse cenário artístico, acompanhando e entrevistando grafiteiros como Banksy, Shepard Fairey e Invader. Outro documentário, Graffiti Wars (2011), trata do feudo entre King Robbo e Banksy, mostrando os diferentes posicionamentos das autoridades com relação ao grafite no Reino Unido.
Grafite verde e amarelo
O Brasil possui uma cena de arte de rua particularmente interessante e diversa. Nas grandes cidades, principalmente, a arte floresce em muros, fachadas e empenas de prédios, dividida entre a transgressão das pichações e os valores artísticos mais convencionais do grafite. Entre os grafiteiros reconhecidos internacionalmente, destacam-se nomes como Os Gêmeos, Kobra, Crânio, Alex Hornest (Onesto), Nina Pandolfo, Nunca, Nick Alive, Binho Ribeiro, Anarkia Boladona e Zezão.
Na Esquema Imóveis, temos algumas casas e apartamentos com artes em grafite, como essa propriedade no Jardim América.