Conversamos com o manager da Steinway na América do Sul sobre o valor do piano na composição de um ambiente e os cuidados que ele requer
Mais do que um instrumento musical, o piano pode ser considerado uma verdadeira obra de arte. Com suas origens na Itália renascentista, ele atravessou os séculos para se tornar símbolo de status e alta cultura, podendo ser utilizado hoje como um objeto decorativo de grande valor – tanto financeiro quanto afetivo, já que pode passar por várias gerações de uma mesma família.
De acordo com Fabio Zimbarg, South America territory manager da Steinway & Sons, empresa sediada em Nova York, comprar um piano pode se igualar a um investimento; afinal, ele é como um item de coleção, que muitas vezes se valoriza com o tempo. “Não é possível ter uma Ferrari na sala de estar. Por outro lado, um piano que pode custar até 1 milhão de reais é como uma obra de arte, trazendo beleza e cultura a um ambiente. Diversos arquitetos iniciam o projeto de interiores justamente ao redor do piano, como se ele fosse o centro da sala, pensando toda a decoração em cima desse item”, comenta.
Zimbarg ressalta que um aspecto importante do piano, nos dias de hoje, é que a pessoa não precisa saber tocar para tê-lo em casa. “A Steinway tem uma linha chamada Spirio, por exemplo, que vem com um iPad e uma biblioteca de músicas. Basta selecionar o que você deseja ouvir no aparelho – em um acervo que abrange desde um concerto de Vladimir Horowitz, em Moscow, em 1986, até Jed Distler tocando Você é Linda de Caetano Veloso – e o piano reproduz exatamente o que foi tocado naquele show, inclusive com o mesmo calor e energia da apresentação ao vivo”, conta o manager. “Você pode fazer uma recepção em casa, chamar seus amigos e colocar o piano para tocar. É uma biblioteca enorme, constantemente atualizada, com muitas horas e diversos shows. Todo mês, a Steinway chama um artista em seu estúdio de Nova York, para tocar por algumas horas, e essas músicas são automaticamente adicionadas à biblioteca do piano.”
Cuidado e manutenção
Segundo Zimbarg, existem dois tipos de pianos: os verticais e os de cauda. “Para quem realmente não tem muito espaço, recomendamos o vertical, por ser menor. Um piano de cauda pode medir entre 1,55 m e 2,74 m”, explica. “Na Steinway, costumamos utilizar um floor template, ou seja, imprimimos todos os modelos de pianos em papel ou tecido e vamos até casa do cliente, então colocamos esse impresso no chão e a pessoa consegue ver todos os desenhos, com o tamanho exato do instrumento, para escolher qual o melhor para ela”, observa.
Quanto à acústica, o manager recomenda o uso de cortinas, tapetes, almofadas, ou qualquer outro tecido que possa ajudar a absorver o som do ambiente. Tudo isso auxilia na criação de uma acústica melhor para o instrumento, diminuindo a reflexão das ondas sonoras no ambiente.
Quanto à manutenção, Zimbarg afirma que o piano precisa ser afinado e regulado por um técnico habilitado, de preferência durante as mudanças de estações devido à umidade e temperatura. No que diz respeito à limpeza, é necessário que seja realizada regularmente. As teclas precisam ser limpas com pano macio e seco. Além disso, assim como acontece com a mobília, a incidência direta do sol pode prejudicar o instrumento”, orienta.
E como funciona a logística de transporte, para quem pretende comprar um piano para sua casa ou apartamento? “Durante a pandemia, temos feito uma videoconferência com o estúdio de Nova York, em que um músico toca diferentes pianos, até que a pessoa escolha qual deles deseja. Inclusive temos um showroom especial lá, chamado de cofre, onde estão alguns pianos diferenciados, com valores de 300 mil a 2,5 milhões de dólares”, conta. “Uma vez escolhido, o item é devidamente embalado e enviado para o Brasil. Toda a movimentação, seja por via marítima ou aérea, deve ser feita por uma empresa especializada em pianos e com seguro próprio, pois o transporte não é algo simples. Esse também é um cuidado que a pessoa precisa ter quando for se mudar.”
Com as devidas precauções e a manutenção adequada, a vida útil de um piano pode se estender por até um século. “Há muitos pianos centenários, inclusive no Brasil, que se encontram em ótimo estado e podem ser tocados normalmente. É uma peça para a vida toda, que pode ser passada de geração em geração. A Steinway, que já conta com 168 anos de história, tem muitos pianos assim. A marca foi criada nos Estados Unidos, por um imigrante alemão, e já passou por uma Guerra Civil e duas Guerras Mundiais. Mas estamos sempre aprimorando a produção e inovando as tecnologias utilizadas. Entre a empresas que fabricam esse instrumento, somos a que mais possui novas patentes”, salienta o manager. Para Zimbarg, com o passar do tempo os pianos só tendem a evoluir, bem como suas tecnologias de fabricação. Ou seja, assim como uma pintura ou uma escultura, o instrumento é uma obra de arte que segue se reinventando.