Os dois bairros-jardins mais desejados de São Paulo abrigam luxuosos casarões, cercados por terrenos amplos e ruas arborizadas
O Jardim América foi um dos primeiros bairros a serem implantados e planejados de acordo com as normas urbanísticas dos bairros-jardins, com projeto dos arquitetos ingleses Barry Parker e Raymond Unwin, cujo conceito inclui total infraestrutura, casas e canteiros ajardinados, grandes terrenos livres, além de escolas, teatros, igrejas e áreas para esportes. Originalmente, a área onde hoje se localizam os Jardins era uma várzea do Rio Pinheiros, que foi retificado nos anos 1920.
Em 1928, nos primórdios do Jardim América e Europa, foi publicada no jornal O Estado de S. Paulo uma propaganda do loteamento da região: “Além de fazer um passeio agradável pelo bosque, terá um ensejo de apreciar o grande desenvolvimento deste belíssimo e saudável bairro. A iluminação pública está sendo ampliada e brevemente será feita a inauguração. Palacetes e lotes de terreno a prestações suaves e pequenas entradas.” Outro slogan do empreendimento, publicado em jornais, folhetos, cinemas e teatros, era: “Vida de campo tranquila e sadia em plena capital e com o conforto das grandes metrópoles – só no Jardim América.”

“O loteamento da área dos Jardins foi inspirado nos bairros da Inglaterra. São casas baixas, muitas árvores nas ruas, todas elas residenciais”, explica o corretor de imóveis Guilherme Carvalho. “Hoje, o bairro não tem muito a ver com os bairros-jardins europeus. O Jardim América se tornou um ponto da elite paulistana”, completa.
As obras do bairro se iniciaram em 1913, tendo sido concluídas apenas em 1929. Os loteamentos tinham uma série de restrições com relação ao uso do solo, com limites para o gabarito, afastamentos laterais e recuos de fundo e de frente. O objetivo era garantir a qualidade ambiental, sanitária e visual dos imóveis que ali seriam construídos. Além disso, o decreto municipal nº 3227 proibia a construção de prédios não residenciais nessa região específica, valorizando ainda mais as propriedades ali localizadas.

O projeto dos Jardins na capital paulista foi encomendado pela Companhia City (City of São Paulo Improvements and Freehold Company Limited). Essa experiência de urbanização tinha como objetivo oferecer excelente qualidade de vida aos moradores. O projeto original do bairro previa uma grande praça central com quatro ruas em diagonais, jardins internos privativos integrando os terrenos e uma avenida principal. Inicialmente, havia 17 jardins semipúblicos, com acessos através de vielas, o que permitia que as residências ali implantadas tivessem duas frentes. No entanto, foram necessárias adaptações e aos poucos esses espaços também acabaram sendo loteados pela City. Além disso, negociações entre a empresa loteadora e a prefeitura de São Paulo resultaram em melhorias que favoreceram muito a região, como infraestrutura de iluminação pública e serviços de transporte coletivo.
Algumas das casas mais icônicas do bairro foram projetadas pelo arquiteto francês Jacques Pillon, entre as décadas de 1930 e 1960. Apesar dessa influência, as diferenças entre o conceito europeu e o que foi de fato importado para São Paulo já começava nos muros. O plano era de que não houvesse qualquer tipo de bloqueio separando as moradias, apenas grandes jardins entre elas, mas os paulistanos sentiram a necessidade de uma estrutura que transmitisse uma sensação de maior segurança e privacidade, por isso a divisão dos terrenos por áreas ajardinadas foi substituída por muros.
No que diz respeito às características urbanas, o corretor Fernando de Oliveira destaca o traçado não retilíneo das ruas. “Elas têm um traçado mais orgânico, baseado nas cidades-jardins da Europa [inspiradas na obra do arquiteto franco-suíço Le Corbusier]. As esquinas geralmente não possuem ‘bicos’, ou seja, quando você está em uma esquina, é possível enxergar quem está no outro lado, o que passa uma sensação de segurança”, ressalta Fernando.

Jardim América: símbolo de status
O Jardim América, cujas ruas levam nomes de países das Américas, é mais antigo que o Europa, tendo sido um dos primeiros bairros-jardins a serem implantados na cidade. A criação do Jardim Europa, um pouco mais afastado, inicialmente se destinava para as pessoas da alta sociedade que queriam, mas não conseguiam, comprar imóveis no América. Outra diferença fundamental entre os dois bairros está no tamanho das casas e dos terrenos. No Jardim América, a metragem mínima das propriedades normalmente ultrapassa 1.000 metros quadrados. As casas apresentam arquitetura heterogênea, mas em geral com fachadas em estilo clássico, incluindo elementos como pórticos em arco e amplas venezianas. “O bairro é tombado pelo Condephaat [desde 1986, por seu traçado urbanístico e paisagismo], então existem certas restrições”, aponta Guilherme. Já no Jardim Europa, a área dos terrenos é mais reduzida e os projetos arquitetônicos mais modernos.

“No Jardim América, o perfil dos proprietários abrange famílias tradicionais, que moram no bairro há várias gerações. As casas são muito grandes, verdadeiros casarões, com dezenas de empregados, denotando sua posição social. Foram essas famílias quatrocentonas que iniciaram o desenvolvimento industrial do Brasil”, conta a corretora Elisete Koller. “Naquela época, a configuração de família era muito diferente dos dias atuais. Havia uma equipe de funcionários, com mordomo, arrumadeira, etc. Em muitos imóveis, encontra-se até mesmo uma sala de costura, porque a costureira dedicada à família realizava os serviços na própria casa.”

Atualmente, a delimitação do Jardim América, na parte ocupada majoritariamente por casas, abrange o quadrilátero entre as ruas Estados Unidos, Groenlândia e Gabriel Monteiro da Silva, até a Avenida 9 de Julho. Ainda hoje é uma região residencial e familiar, com baixa densidade populacional. Contudo, há uma outra parte do bairro, essencialmente de apartamentos, que apresenta características diversas, inclusive com diferente zoneamento. Essa região mais vertical conta com vista privilegiada para a parte residencial, sendo uma localização bastante desejada no que diz respeito a apartamentos de alto padrão.
As ruas fechadas do bairro, com guarita e segurança, também são sinônimo de exclusividade. Ruas como Guaiaquil, Iucatã, Porto Rico e Terra Nova estão entre as mais exclusivas do Brasil. Por conta de vantagens como o silêncio e a tranquilidade, já que o tráfego de pessoas não autorizadas não é permitido, geralmente são poucos os imóveis disponíveis para venda nesses locais. Outro ponto positivo é o fácil acesso às mais diversas regiões da cidade, além da proximidade de grandes avenidas – como Paulista, Rebouças e Brasil – e uma conexão direta ao centro de São Paulo pela Avenida Nove de Julho.
Jardim Europa: qualidade de vida
Embora adote o mesmo padrão urbanístico, com projeto desenvolvido pelo engenheiro-arquiteto carioca Hipólito Gustavo Pujol Jr., em comparação ao Jardim América o Europa é um bairro rejuvenescido e, por isso, tende a ser procurado por famílias mais jovens. As casas possuem terrenos menores, de 400 a 1.000 metros quadrados, e o bairro também conta com uma parte verticalizada, para aqueles que buscam apartamentos. As ruas arborizadas (com nomes de cidades e países europeus) e a grande procura por imóveis tornam o metro quadrado dessa região um dos mais valorizados da capital paulista. Suas delimitações se situam no quadrilátero entre a Avenida Faria Lima, Avenida 9 de Julho, Alameda Gabriel Monteiro da Silva e Rua Groenlândia.

O estilo arquitetônico do Jardim Europa é bastante eclético, já que algumas famílias preferem manter a arquitetura clássica das casas, enquanto outras reformam os imóveis para modernizá-los. De acordo com Guilherme, muitos dos moradores já nasceram no bairro (ou no Jardim América), herdeiros de famílias tradicionais, e optaram por permanecer vivendo na região após a vida adulta.
“Um aspecto interessante é que o Jardim Europa é um bairro aspiracional. A maioria das pessoas que cresceram nessa região e que, por algum motivo, saíram, querem voltar. Tem uma coisa de apego, de status. É o bairro mais desejado por todos em São Paulo. Se existe alguma movimentação, em geral envolve sair do Jardim Europa e ir para o América, ou vice-versa. Os moradores dali não consideram ir para outro bairro, fora desse eixo”, observa Elisete.

Entre as principais vantagens de morar no Jardim Europa, os corretores citam a proximidade da Avenida Faria Lima, importante centro financeiro de São Paulo, e a sensação de segurança, uma vez que a maior parte das casas tem monitoramento próprio, com câmeras de vigilância nas ruas. Além disso, trata-se de um bairro bem organizado, com associação de moradores atuante e participativa. “É um bairro que tem vida, as pessoas caminham e circulam pelas ruas. Elas vão até a Praça Morungaba com seus cachorros e carrinhos de bebê. No Jardim Europa, as pessoas andam a pé muito mais do que no América”, afirma Elisete.
A corretora acrescenta que muitos procuram o bairro atraídos pelos “vizinhos”, já que entre os moradores estão diversas pessoas famosas. “O principal ponto do Europa é o status: nele, estão algumas das famílias mais importantes do Brasil, políticos, celebridades do esporte e da mídia. O governador João Dória, por exemplo, é um símbolo do bairro, onde tem sua residência, e já foi inclusive presidente da associação dos Jardins. Foi ele quem engajou os moradores a cuidarem do bairro e adotar as praças”, conta Elisete.
Para Guilherme, outra grande vantagem está na possibilidade de morar perto do trabalho. “O Jardim Europa está próximo aos principais centros de negócios da cidade. Em geral, as pessoas desse bairro trabalham no mercado financeiro, seja na Faria Lima ou na Juscelino Kubitscheck. Então, eles podem ir para o escritório em cinco minutos. Se forem mais modernas, podem até ir de bicicleta”, ressalta o corretor.

Comércio, serviços e entretenimento

Os clubes mais próximos ao Jardim América são o Club Athletico Paulistano e a Sociedade Harmonia de Tênis, cujos terrenos foram doados pela Companhia City. Os moradores dessa região não possuem o hábito de circular nas ruas a pé, já que suas propriedades são enormes e com lazer privativo, mas frequentam os clubes para a prática esportiva e demais opções de entretenimento. Já para os moradores do Jardim Europa, o Esporte Clube Pinheiros é um excelente local de diversão.
Além de contar com a infraestrutura do Shopping Iguatemi, com diversas lojas de grife, a região está muito próxima à Rua Oscar Freire, um agradável ponto comercial de luxo. Para completar, é muito bem servida de supermercados, restaurantes, padarias, bares e cafés, além de diversos salões de beleza renomados. “A Oscar Freire é um boulevard aberto. As pessoas passeiam e tomam sorvete. É um ponto de encontro, com seus cafés. É gostoso caminhar por essa rua em um dia de sol. E a parte gastronômica do bairro é fantástica, com os melhores restaurantes de São Paulo”, comenta Elisete.
Entre as escolas, a St. Paul’s é a mais exclusiva, mas outra muito procurada é a Escola Concept. Já entre os museus e instituições culturais da região, destacam-se o Museu da Imagem e do Som (MIS), o Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) e o Museu da Casa Brasileira, além da Fundação Cultural Ema Gordon Klabin. A região da Alameda Gabriel Monteiro da Silva também conta com diversas galerias de arte, lojas de design e móveis de luxo.

No que diz respeito a igrejas e sinagogas, que servem a ambos os bairros – tanto Jardim América quanto Europa – podem ser citadas as sinagogas da Rua Melo Alves (Beit Chabad Central) e da Avenida Europa (Beit Chabad Itaim), a Igreja São José do Jardim Europa e a Igreja Nossa Senhora do Brasil, projetada em estilo colonial barroco e localizada na Praça Nossa Senhora do Brasil, em um terreno que também foi cedido pela City.
Algumas das casas mais imponentes, glamourosas e bem conservadas do Jardim América estão na Avenida Brasil, que hoje se tornou uma área essencialmente comercial. Esses imóveis foram adaptados para o uso de clínicas médicas, laboratórios e showrooms. A Avenida Europa, por outro lado, concentra uma grande quantidade concessionárias de luxo. Ou seja, a modernização de certa forma impactou também a configuração dessas áreas.
Jardim América e Jardim Europa em números
Hoje, temos aproximadamente 120 imóveis disponíveis no Jardim América, sendo que 15% são terrenos ou casas para reforma total. O valor do metro quadrado no bairro, para terrenos, gira em torno de R$ 10 mil por m². Já preço do metro quadrado (terreno + construção) de uma casa nova no bairro pode chegar a R$ 24 mil.
No Jardim Europa, temos disponíveis no mercado aproximadamente 150 casas. Dessas propriedades, menos de 5% são terrenos, enquanto as casas para reforma total chegam a 45% da oferta do bairro. A média do metro quadrado para terrenos/casas, para reforma total, gira em torno de R$ 10 mil, e a média do metro quadrado (terreno + construção) para casas novas fica por volta de R$ 21 mil.

A exclusividade de morar nesses bairros
Os imóveis nesses bairros são tão exclusivos que, muitas vezes, não é possível disponibilizar as fotos e informações sobre os imóveis no nosso site ou nas redes sociais. Tratamos esses imóveis de maneira diferente, on-demand: ou seja, apresentados apenas sob consulta. Caso tenha interesse, entre em contato.
Veja nossas casas e terrenos do Jardim Europa:
https://www.esquemaimoveis.com.br/casas/venda/sp/sao-paulo/jardim-europa/
Confira as casas e terrenos disponíveis no Jardim América:
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